DIREITOS HUMANOS – População trans vítima de transfobia ambiental em meio à maior enchente do século no Rio Grande do Sul, relata discriminação nos abrigos.



Em meio à maior enchente do século no Rio Grande do Sul, pessoas trans foram atingidas de forma ainda mais cruel pela tragédia. Além de perderem suas casas e pertences, tiveram que lidar com o preconceito nos abrigos e a dificuldade de acesso aos serviços públicos. O desrespeito ao nome social dessas pessoas, que é um direito básico, foi evidenciado durante o G20 Social, no Rio de Janeiro, em relatos feitos na última sexta-feira.

Nesse debate, surgiu o termo “transfobia ambiental”, que destaca como a população trans é a mais vulnerável em situações de desastres naturais, como enchentes. A discriminação e exclusão dessas pessoas nos abrigos refletem a falta de acesso a direitos básicos e serviços emergenciais, agravando ainda mais o sofrimento daqueles que já perderam tudo.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Keila Simpson, ressaltou a violência e discriminação enfrentadas pelas travestis, que, mesmo em momentos de vulnerabilidade extrema, são excluídas e enfrentam obstáculos para obter auxílio e abrigo.

A presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Bruna Benevides, relatou a dificuldade de pessoas trans em acessar benefícios essenciais, como kits de higiene e cestas básicas, durante a tragédia no Rio Grande do Sul. A transfobia ambiental, segundo ela, agrava a saúde física e mental dessas pessoas, que são impedidas de obter ajuda mesmo em momentos críticos.

O presidente da ABGLT, Victor de Wolf, ressaltou a importância da participação da população LGBTI+ em fóruns internacionais para demandar e pressionar por direitos e serviços adequados. Ele destacou a necessidade de organizar um documento com as principais reivindicações desse grupo, a ser apresentado a líderes mundiais nos próximos dias.

Durante as enchentes no Rio Grande do Sul, a prefeitura de Canoas buscou atender a população LGBTI+ com a ajuda de um fórum com mais de 100 integrantes. O diretor de Juventude da cidade, Lucas Porto, enfatizou a importância de garantir a segurança e dignidade dessas pessoas em momentos de crise, sem ocorrências de LGBTfobia nos abrigos.

No âmbito da prevenção de desastres naturais em Contagem, o secretário adjunto de Juventude da ABGLT, Thiago Santos, ressaltou a necessidade de incluir a população LGBTI+ nas estratégias e ações de assistência em situações de crise. A conscientização dos órgãos governamentais e organizações é fundamental para garantir o respeito aos direitos e identidades dessas pessoas em momentos de emergência.

O G20 Social, que antecede a reunião de cúpula do G20, busca promover o diálogo entre movimentos sociais e organizações não governamentais em questões sociais. Com a representatividade de diversos países e economias, esse fórum se torna essencial para discutir e promover a inclusão e o respeito aos direitos da população LGBTI+ em situações de crise e emergência.

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