DIREITOS HUMANOS –

População Negra no Brasil Confia Mais em Empresários do que em Governantes, Revela Pesquisa Sobre Racismo e Desigualdade

A confiança da população negra no empresariado brasileiro ultrapassa a que depositam em governantes, conforme uma nova pesquisa que faz parte do projeto “O Consumo Invisível da Maioria”. De acordo com os dados apresentados no Fórum Brasil Diverso 2025, evento que acontece em São Paulo, 85,3% dos entrevistados confiam nas empresas, enquanto apenas 68,7% sentem o mesmo em relação ao poder público. Essa diferença sugere um descontentamento profundo com as instituições governamentais, e os relatos sobre a experiência do cotidiano revelam um sentimento de impotência diante do racismo.

A pesquisa, que consultou mil pessoas negras de diferentes regiões do país, traz à tona diversos problemas enfrentados por essa população, incluindo a violência policial, que alcança 22% de menções, seguido pelo apagamento na mídia (17,6%), a falta de oportunidades de trabalho (20,7%) e o racismo religioso, que atinge 19%. A mobilização econômica desse segmento da população é notável, com um impacto financeiro estimado em R$ 1,9 trilhão por ano.

Maurício Pestana, presidente do DataRaça, sugere que a desconfiança nas instituições públicas está atrelada à polarização política atual do Brasil, que gera um clima de incerteza e desconfiança em ambos os lados do espectro político. Ele argumenta que as empresas apresentam regras claras e um compromisso com a não discriminação, fatores que contribuem para a maior confiança da população negra no setor privado. “Talvez o Estado devesse simplesmente seguir mais as regras para mudar essa percepção”, sugere Pestana, enfatizando a necessidade de um cumprimento efetivo das leis.

Além disso, a pesquisa destaca a credibilidade percebida em organizações não governamentais, com 31% de aprovação, e instituições religiosas, somando 30,7%. Em comparação, as empresas, tanto grandes nacionais quanto multinacionais, geram índices de desconfiabilidade consideráveis, com apenas 17,1% e 16,1% de confiança, respectivamente.

Dentre os grupos etários analisados, os mais céticos em relação ao governo são os indivíduos entre 35 e 44 anos, com 36,7% expressando desconfiança. Em contrapartida, mulheres, jovens e idosos demonstram maior confiança nas mensagens governamentais.

Por fim, a pesquisa aponta que o racismo se manifesta de maneira preocupante, com 34,8% dos entrevistados afirmando ter sido vítimas de discriminação em serviços ou compras no último ano. As lojas de roupas e os shoppings se destacam como locais onde ocorrem mais frequentemente esses incidentes. Essa revelação ressalta a urgência de uma mudança substancial na abordagem das empresas e do governo em relação ao tratamento equitativo da população negra no Brasil.

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