DIREITOS HUMANOS – Políticas de Igualdade Racial Avançam, Mas Violência e Desigualdade Persistem no Brasil, Alertam Ativistas no Dia da Consciência Negra.

Desafios e Conquistas na Luta pela Igualdade Racial no Brasil

No Dia da Consciência Negra, é imperativo refletir sobre os avanços e retrocessos na luta pela igualdade racial no Brasil. Enquanto políticas como as cotas raciais e a demarcação de territórios quilombolas surgem como marcos positivos, a realidade de crescente violência racial e o fortalecimento de ideologias que negam o racismo apresentam um contraditório preocupante.

Carmela Zigoni, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos, aponta que, embora algumas vitórias tenham sido conquistadas, a verdadeira igualdade racial ainda parece um horizonte distante. Ela cita a resistência de práticas racistas que se tornam mais evidentes, como um recente episódio em que policiais militares invadiram uma escola em São Paulo após a denúncia de um pai militar, que se opôs ao ensino da cultura afro-brasileira. Essa situação evidencia um retrocesso nas conquistas de uma educação inclusiva e diversa, violando a Lei 10.639, que assegura o ensino sobre a contribuição afro-brasileira nas escolas.

Zigoni critica o governo anterior que, segundo ela, afastou-se das políticas de igualdade racial e minimizou ações essenciais para o bem-estar da população negra. Todavia, a nova gestão federal reafirma o compromisso com a igualdade racial, retornando com orçamentos e regulamentos que priorizam essas políticas.

Lúcia Xavier, fundadora da ONG Criola, também reconhece que a transição de um governo conservador para um mais democrático trouxe um clima de esperança, embora ainda exista uma lacuna significativa na batalha pelos direitos da população negra. Para ela, boas intenções não são suficientes quando as condições sociais continuam adversas, refletindo na alta taxa de violência e na dificuldade de acesso às oportunidades.

Alane Reis, ativista e coordenadora da Revista Afirmativa, celebra algumas conquistas como as políticas afirmativas nas universidades e o reconhecimento dos direitos das populações quilombolas. Contudo, ela sublinha que a luta pela igualdade racial é uma contínua batalha, notando que, mesmo após anos de luta, mitos como a democracia racial persistem entre determinados grupos que se recusam a reconhecer as desigualdades.

A realidade enfrentada pela população negra brasileira, especialmente as mulheres, é alarmante. Apesar de avanços em autoestima e identidade, como a aceitação da negritude entre a juventude, a estatística continua a ser avassaladora, com uma representatividade mínima em esferas políticas.

Os dados do Ministério dos Direitos Humanos ressaltam a urgência dessa luta, revelando milhares de denúncias de racismo e injúria racial. As mulheres continuam a ser as principais vítimas, refletindo um ciclo de opressão que precisa ser urgentemente endereçado.

Assim, no Dia da Consciência Negra, a sociedade é chamada a estar consciente dos desafios persistentes, celebrando conquistas, mas sem perder de vista a luta por uma igualdade que ainda está longe de ser alcançada.

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