Esse processo de transformação é resultado de um convênio firmado entre a prefeitura de Petrópolis e o governo federal, através do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC). O acordo prevê a destinação de R$ 1,4 milhão para o município, que será utilizado para a criação e manutenção do memorial, que visa preservar a memória das vítimas da repressão militar e educar as futuras gerações sobre os horrores desse período.
A gestão do imóvel será uma responsabilidade compartilhada entre a prefeitura e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Essa parceria é essencial devido às pesquisas em andamento sobre o tema e ao trabalho que a universidade já realiza com a comunidade local, mapeando as histórias associadas ao espaço e planejando a implementação do memorial.
A história obscura da Casa da Morte começou a ser desvendada devido à coragem de Inês Etienne Romeu, que foi sequestrada em 1971 e torturada no local por três meses. O relato de sua experiência levou à inclusão do caso na Comissão Nacional da Verdade em 2012. Desde então, a desapropriação do imóvel tem sido uma luta persistente, enfrentando desafios como a alegação da Prefeitura de Petrópolis sobre a falta de recursos financeiros.
Durante uma audiência pública no Arquivo Nacional, Paula Franco, coordenadora de Política, Memória e Verdade do MDHC, destacou que essa ação não representa um desfecho definitivo, mas sim mais um passo em direção à consolidação do memorial. Ela ressaltou a importância da mobilização social ao afirmar que o avanço foi fruto da luta de grupos da sociedade civil e das famílias das vítimas da ditadura, que persistiram na reivindicação por justiça e reconhecimento ao longo das décadas.
O projeto de transformação da Casa da Morte em um memorial é um símbolo de resistência e uma oportunidade para que a memória das atrocidades cometidas não caia no esquecimento, promovendo a reflexão e a educação sobre os direitos humanos no Brasil.