DIREITOS HUMANOS – Operações policiais na Maré deixam 20 mortos em 42 dias em 2024, revela ONG Redes da Maré em levantamento.

O Complexo da Maré, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, foi palco de intensas operações policiais ao longo de 2024, totalizando 42 dias de ações que resultaram em 20 mortes. Os dados foram divulgados pela ONG Redes da Maré em um levantamento apresentado nesta sexta-feira (21).

Segundo a organização não governamental, o número de operações policiais no Complexo da Maré em 2024 foi seis vezes maior do que no ano anterior, quando foram registradas apenas sete incursões desse tipo. A Redes da Maré ressalta que a pesquisa realizada evidencia que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, não tem impedido a realização de ações policiais, como argumentado pelo governo do Rio de Janeiro.

A diretora fundadora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva, enfatiza que a ADPF foi criada para promover um controle sobre a atuação policial, não para impedir a polícia de trabalhar. O objetivo é questionar a dependência exclusiva de operações policiais como única forma de atuação nas favelas.

Além disso, a pesquisa revelou que a maioria das operações policiais em 2024 ocorreram próximas a escolas e unidades de saúde, resultando na suspensão de aulas e serviços básicos de saúde. Dos 42 dias de operações policiais, 37 resultaram na suspensão das aulas, afetando aproximadamente 7.302 alunos, e 30 dias foram sem atendimento médico, afetando 8.715 pessoas.

O estudo apontou ainda que em apenas 26 das 42 operações policiais foi observada a presença de câmeras corporais, e em 17 dessas, poucos policiais fizeram uso do equipamento. Das 20 mortes registradas, somente quatro tiveram perícia no local, havendo indícios de execução em 17 dos casos, de acordo com relatos de moradores e evidências coletadas por familiares das vítimas.

Esses dados preocupantes refletem a grave situação de violência e violação de direitos que a população da Maré e de outras comunidades enfrenta diariamente, evidenciando a necessidade urgente de um debate amplo e efetivo sobre a atuação policial nessas regiões. A sociedade civil cobra transparência e responsabilização pelas ações policiais, enquanto o julgamento da ADPF 635 se aproxima, trazendo consigo a expectativa de avanços na proteção dos direitos humanos nessas áreas marginalizadas.

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