Segundo a organização não governamental, o número de operações policiais no Complexo da Maré em 2024 foi seis vezes maior do que no ano anterior, quando foram registradas apenas sete incursões desse tipo. A Redes da Maré ressalta que a pesquisa realizada evidencia que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, não tem impedido a realização de ações policiais, como argumentado pelo governo do Rio de Janeiro.
A diretora fundadora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva, enfatiza que a ADPF foi criada para promover um controle sobre a atuação policial, não para impedir a polícia de trabalhar. O objetivo é questionar a dependência exclusiva de operações policiais como única forma de atuação nas favelas.
Além disso, a pesquisa revelou que a maioria das operações policiais em 2024 ocorreram próximas a escolas e unidades de saúde, resultando na suspensão de aulas e serviços básicos de saúde. Dos 42 dias de operações policiais, 37 resultaram na suspensão das aulas, afetando aproximadamente 7.302 alunos, e 30 dias foram sem atendimento médico, afetando 8.715 pessoas.
O estudo apontou ainda que em apenas 26 das 42 operações policiais foi observada a presença de câmeras corporais, e em 17 dessas, poucos policiais fizeram uso do equipamento. Das 20 mortes registradas, somente quatro tiveram perícia no local, havendo indícios de execução em 17 dos casos, de acordo com relatos de moradores e evidências coletadas por familiares das vítimas.
Esses dados preocupantes refletem a grave situação de violência e violação de direitos que a população da Maré e de outras comunidades enfrenta diariamente, evidenciando a necessidade urgente de um debate amplo e efetivo sobre a atuação policial nessas regiões. A sociedade civil cobra transparência e responsabilização pelas ações policiais, enquanto o julgamento da ADPF 635 se aproxima, trazendo consigo a expectativa de avanços na proteção dos direitos humanos nessas áreas marginalizadas.