Uma das inclusões que chamou a atenção é a da famosa cervejaria Kaiser, vinculada ao Grupo Heineken no Brasil. A lista completa pode ser conferida no site oficial do ministério.
Dentre as novas inclusões, a maioria está relacionada ao setor da produção de carvão vegetal, seguido pela criação bovina, serviços domésticos, cultivo de café e extração e britamento de pedras. No que diz respeito às unidades federativas, Minas Gerais registrou o maior número de novos casos, seguido por São Paulo, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.
De acordo com a Lista Suja, os 473 empregadores cadastrados submeteram um total de 3.773 trabalhadores a condições análogas à escravidão. Desde 1995, mais de 61 mil pessoas já foram resgatadas nessas condições pela Inspeção do Trabalho no Brasil, conforme informações presentes no site do ministério.
A diferença nos números se explica pelo fato de que, para entrar na lista, é necessário esgotar todos os recursos administrativos contra as infrações aplicadas pelos fiscais.
A vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores de Trabalho (ANPT), Lydiane Machado e Silva, destacou que o aumento da pobreza nos últimos anos, intensificado pela pandemia, e o apoio do novo governo à fiscalização contra o trabalho escravo contribuíram para o recorde de novos empregadores na lista.
Lydiane ressaltou que as condições precárias de trabalho encontradas nesses casos incluem alojamentos inadequados, sem banheiros e com armazenamento inadequado de alimentos. Além disso, tem sido cada vez mais comum o resgate de mulheres submetidas a essas condições no trabalho doméstico, privadas até mesmo do convívio social.
A procuradora enfatizou ainda a inclusão de grandes empresas na lista e destacou a importância de elas próprias monitorarem toda a cadeia produtiva. Para ela, a divulgação da Lista Suja é fundamental para que a sociedade brasileira esteja ciente do que ocorre em suas cadeias produtivas.
Em resposta à inclusão da cervejaria Kaiser na lista, o Grupo Heineken se manifestou afirmando que foi surpreendido pelo caso, ocorrido em 2021 com uma das prestadoras de serviços da companhia, a Transportadora Sider. Medidas foram tomadas para garantir os direitos fundamentais dos trabalhadores envolvidos e a transportadora já não faz mais parte dos fornecedores do grupo.
O Grupo Heineken também informou que irá intensificar suas políticas e medidas para garantir o cumprimento das regras presentes em seu Código de Conduta, incluindo o desenvolvimento de uma plataforma de controle de terceirização.
A reportagem entrou em contato com a Transportadora Sider, envolvida no caso, para que se manifeste sobre a situação, mas aguarda posicionamento.