As regiões do Norte e do Nordeste foram as mais afetadas, com 810 e 665 conflitos registrados, respectivamente. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste (353), Sudeste (207) e Sul (168). Em 2022, foram notificados 2.050 conflitos no país, impactando um total de 923.556 pessoas.
A terra continua sendo o pivô da maioria dos conflitos no campo, com 1.724 disputas relacionadas a ela em 2023, representando 78,2% do total. Além disso, houve conflitos por água (225 ocorrências) e trabalho escravo contemporâneo na zona rural (251 ocorrências), correspondendo a 10,2% e 11,3%, respectivamente. A violência também esteve presente, com 1.588 dos conflitos por terra relacionados a agressões contra a ocupação e a posse e/ou contra a pessoa.
Um dado alarmante é que 1.467 pessoas foram vítimas de violência contra a pessoa em 2023, representando um aumento significativo em relação ao ano anterior. Os povos originários foram os mais afetados, com 25,5% das violências registradas. No entanto, apesar desse cenário, houve uma diminuição nas ocorrências de assassinatos em 2023 em comparação com o ano anterior.
O coordenador da CPT, Ronilson Costa, destacou em entrevista a falta de mediação do Estado nos conflitos, deixando espaço para grupos como o Invasão Zero atuarem de forma violenta no campo. Ele ressaltou a necessidade de políticas eficazes por parte do governo federal para solucionar essas questões, incluindo a distribuição de terras, demarcação de territórios quilombolas e garantia de melhores condições de vida para as populações rurais.
O governo federal anunciou recentemente a compra das primeiras vinte propriedades para reforma agrária pelo programa Terra da Gente, visando atender famílias em diversos estados. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que a ideia é agilizar o processo de reforma agrária de forma menos conflituosa, buscando alternativas legais para a obtenção de terras.
Porém, as críticas feitas pela CPT em relação às políticas do governo sobre os conflitos no campo ainda aguardam resposta por parte de órgãos como o Ministério dos Povos Indígenas, a Funai e o Incra. A sociedade espera por medidas efetivas para solucionar os conflitos no campo e garantir a segurança e bem-estar das comunidades afetadas.