DIREITOS HUMANOS – Iphan prioriza tombamento de prédio do DOI-Codi no Rio de Janeiro em 2025: local de tortura durante ditadura militar.



Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está determinado a priorizar o processo de tombamento do prédio que já abrigou o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), localizado na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca, no Rio de Janeiro, em 2025. Esse local foi palco de prisões, torturas e mortes de opositores durante o período da ditadura militar no Brasil. O objetivo é transformar essa construção em um espaço de memória que relembre os horrores sofridos por aqueles que se opuseram ao regime autoritário.

Essa decisão do Iphan veio após uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) divulgada recentemente. O MPF solicitou que o órgão dê prioridade ao processo de tombamento do prédio, que está em tramitação no Instituto desde 2013. O DOI-Codi funcionou como uma agência de repressão política vinculada ao Exército durante os anos de 1964 a 1984, período em que o Brasil viveu sob um regime ditatorial. Os presos considerados inimigos do governo eram detidos, torturados e muitos deles acabaram perdendo suas vidas nesses locais de repressão, que também estavam presentes em outras cidades do país, como São Paulo, Recife e Porto Alegre.

O prédio onde o DOI-Codi operava atualmente abriga o 1º Batalhão de Polícia do Exército no Rio de Janeiro. Este espaço foi utilizado para torturar e assassinar diversas pessoas, incluindo o engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva, que foi levado de sua casa por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) em janeiro de 1971. A Comissão Nacional da Verdade identificou pelo menos 434 mortos ou desaparecidos em decorrência da repressão política durante a ditadura militar.

O Iphan ressaltou que o pedido de tombamento do prédio está em análise e é uma das demandas prioritárias do órgão para o ano de 2025. A autarquia está aguardando autorização do Exército para realizar uma visita técnica ao local, fundamental para a conclusão da análise. O Instituto reiterou seu compromisso em preservar os locais de memória que são essenciais para a democracia brasileira.

Familiares de vítimas da ditadura e organizações que lutam pela memória e justiça consideram fundamental o tombamento do antigo DOI-Codi. Para eles, é necessário construir lugares de memória que relembrem o sofrimento vivido por aqueles que se opuseram ao regime militar no país. Outros locais, como o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no centro do Rio de Janeiro, também deveriam ser transformados em espaços de memória, destacando a amplitude da violência perpetrada durante a ditadura.

A Agência Brasil entrou em contato com o Exército em busca de posicionamento sobre essa questão, e aguarda uma resposta oficial. A recomendação do MPF e a priorização do processo de tombamento representam os primeiros passos para preservar a memória das vítimas da ditadura, conforme ressaltado pelo diretor do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, Rafael Maul de Carvalho Costa. Ele enfatizou a importância de revelar novos locais de memória que evidenciem a extensão da violência ocorrida durante o período militar no Brasil.

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