Em uma audiência na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, Roston expressou preocupação com a negação do direito ao resgate para vítimas de trabalho escravo, destacando que essa situação nunca havia sido enfrentada em 30 anos de atuação. Através do caso de Sônia, que foi mantida em condições análogas à escravidão por 40 anos, o debate se intensificou.
A história de Sônia tem características tocantes, como o fato de ter sido retirada de sua família aos 9 anos, sem consentimento, e de nunca ter tido acesso à educação formal, saúde ou vida social fora da família que a mantinha em condições de exploração. A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de permitir que ela retornasse à casa dos acusados, argumentando que ela era considerada parte da família, gerou controvérsias.
A Defensoria Pública da União recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o reencontro de Sônia com os investigados, preocupada com a violação das normas de proteção a mulheres vítimas de violência. Porém, o pedido foi negado, o que gerou mais questionamentos sobre a proteção das vítimas de trabalho escravo.
A falta de escolaridade, socialização e independência de Sônia é um retrato emblemático do que muitas vítimas de trabalho escravo no ambiente doméstico enfrentam. O caso reforça a necessidade de políticas públicas e decisões judiciais que protejam e empoderem essas vítimas. André Roston ressaltou que a investigação revelou que Sônia não era considerada parte da família, evidenciando as condições desumanas em que vivia.
O debate em torno do caso de Sônia Maria de Jesus serve como alerta para a urgência de medidas eficazes de combate ao trabalho escravo no Brasil, especialmente no âmbito doméstico. É essencial que a sociedade e as autoridades estejam atentas e engajadas em garantir a proteção e os direitos das vítimas, evitando que situações como a de Sônia se repitam no futuro.