O levantamento mostrou que, embora haja avanços em iniciativas relacionadas à educação e à cultura, o combate ao racismo ainda enfrenta dificuldades estruturais. Entre os principais problemas identificados estão a falta de transversalidade nas políticas públicas e a escassez de recursos financeiros para a execução das ações. Apenas uma pequena porcentagem das iniciativas contava com orçamento próprio identificado, o que compromete sua sustentabilidade a longo prazo.
Os dados revelaram também disparidades regionais significativas, com destaque para o Nordeste, que concentrou o maior número de ações municipais, e o Sudeste, que apresentou a maior média por município. No entanto, apenas 3,3% das iniciativas contavam com orçamento próprio identificado, o que prejudica sua continuidade e eficácia.
Além disso, o estudo apontou para a falta de acesso a informações técnicas relevantes nos meios de comunicação oficiais das gestões, o que dificulta a avaliação e acompanhamento das ações. A pesquisa também destacou a dificuldade em obter detalhes sobre os valores investidos nas ações, o que representa um obstáculo para a transparência e prestação de contas por parte das autoridades públicas.
Diante desse cenário, o relatório ressaltou a importância do mapeamento das ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial como uma ferramenta de avaliação e formação dos gestores públicos. Segundo Delton Felipe, pesquisador e professor da Universidade Estadual de Maringá, o mapeamento permite identificar iniciativas bem-sucedidas que podem ser replicadas em várias áreas, como educação, saúde e segurança pública.
Por fim, o relatório destacou a necessidade de ampliar e descentralizar as ações de combate ao racismo, incluindo áreas como agropecuária, desenvolvimento rural, saneamento básico, meio ambiente e desenvolvimento econômico. A gestão pública deve atuar de forma abrangente e integrada, não se limitando apenas às secretarias tradicionalmente responsáveis por políticas de igualdade racial.