DIREITOS HUMANOS – Denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet aumentam 84% em 2020, revela Safernet.

De acordo com a organização não governamental Safernet, a quantidade de denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet aumentou 84% nos primeiros nove meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. A Safernet recebeu um total de 54.840 novas denúncias de conteúdos com imagens de crianças sendo abusadas sexualmente, em contraste com as 29.809 denúncias feitas no ano anterior.

O presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares, afirmou em entrevista que esses dados são referentes a “novos conteúdos ou novas páginas” que nunca tinham sido denunciados anteriormente. Ele explica que isso indica que há uma produção crescente de novas imagens e conteúdos na internet, colocando mais crianças em risco, não apenas de acessar esse tipo de conteúdo, mas também de se tornarem vítimas de abuso e assédio.

Tavares destaca o fenômeno preocupante da venda de pacotes de imagens autogeradas por adolescentes em aplicativos de mensagens, como o Discord e o Telegram. Essas imagens incluem adolescentes vulneráveis de baixa renda produzindo conteúdo íntimo, como fotos e vídeos de si mesmos, e vendendo ou trocando por itens de jogos e créditos para celular.

Essas estatísticas da Safernet estão de acordo com os dados de operações da Polícia Federal envolvendo crimes cibernéticos que têm crianças e adolescentes como vítimas. Apenas neste ano, foram realizadas 627 operações desse tipo, um aumento de quase 70% em relação ao ano passado.

No entanto, Tavares ressalta que as prisões e investigações não são suficientes para resolver esse problema, pois o crime continua avançando. Ele explica que muitos desses adolescentes são vítimas da exploração comercial de sua sexualidade e que a solução não está em aplicar medidas socioeducativas a eles, mas sim em abordar as causas dessas situações.

Durante o 8º Simpósio Crianças e Adolescentes na Internet, realizado em São Paulo, foram divulgados dados sobre o acesso cada vez mais precoce das crianças à internet no Brasil. Segundo o estudo conduzido pelo Cetic.br, 24% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos tiveram seu primeiro acesso à internet antes dos 6 anos de idade. Em 2015, esse número era de 11%.

Tavares destaca a importância de fornecer educação sexual nas escolas como forma de prevenção da disseminação de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet. Ele afirma que é necessário falar sobre o assunto para que as crianças aprendam a reconhecer situações de abuso e violência.

Além disso, os pais também devem ficar mais atentos ao que seus filhos estão fazendo na internet. Existem aplicativos, como o Family Link, que permitem que os pais acompanhem a navegação de seus filhos em tempo real, definindo horários de uso e sites permitidos.

A Safernet evita usar a expressão “pornografia infantil”, preferindo se referir a esses crimes como “imagens de abuso e exploração sexual infantil”. A organização acredita que o uso da palavra pornografia diminui a gravidade do crime e que qualquer pessoa que consuma ou distribua imagens de violência sexual infantil é cúmplice do abuso e exploração.

É importante que as denúncias de páginas com imagens de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes sejam feitas na Central Nacional de Denúncias da Safernet. Em caso de suspeita de violência sexual, deve-se acionar o Disque 100. A Safernet destaca que é fundamental não se omitir ao encontrar esse tipo de conteúdo na internet e denunciar, pois a denúncia é completamente anônima.

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