O advogado Dacimar de Souza, que assumiu a defesa da vítima, relatou que, até agosto de 2023, apenas a mãe da mulher tinha conhecimento dos abusos. A mulher só se sentiu segura para denunciar os crimes após ser transferida para a Cadeia Pública Feminina de Manaus. Em fevereiro deste ano, foi ajuizada uma ação indenizatória pedindo reparação moral de 350 salários mínimos, um valor próximo de R$ 530 mil.
A mulher, de etnia kokama, informou que os abusos ocorreram principalmente durante o turno da noite, e que ela foi forçada a ingerir bebidas alcoólicas antes de sofrer as agressões. Notavelmente, o advogado mencionou que a paciente estava no puerpério, apenas 20 dias após dar à luz, quando as agressões se intensificaram. O aleitamento do seu filho, que permaneceu ao seu lado na cela, gerava uma situação ainda mais cruel, já que os agentes visavam explorar a vulnerabilidade da mulher em um ambiente inóspito.
Além do pedido de indenização, a defesa procura garantir tratamento psicológico para a vítima, que foi diagnosticada com depressão severa. A situação carcerária da mulher, observada e relatada por agentes do sistema de justiça, evidencia a precariedade das condições nas prisões do Amazonas, onde a lei não é cumprida em sua totalidade.
A Procuradoria-Geral do Amazonas e a Defensoria Pública estadual já estão cientes da situação e solicitam investigações rigorosas. O Ministério Público também colheu depoimentos e denunciou as violências institucionais que esta mulher enfrentou. O caso salienta a urgência de discutir as condições carcerárias no Amazonas, que não têm respeitado a dignidade da pessoa humana, refletindo um padrão de violação de direitos, especialmente contra as mulheres. A expectativa é de que os responsáveis sejam responsabilizados e que a justiça prevaleça, reafirmando que abusos dentro do sistema penitenciário não podem ser tolerados.