O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade que atua em defesa dos direitos indígenas, emitiu uma nota nesta terça-feira exigindo uma investigação rigorosa desse assassinato brutal. De acordo com relatos de familiares das vítimas, o clima de tensão e ameaças constantes haviam obrigado o casal a alterar sua rotina, restringindo-se ao interior de sua casa durante o dia. Conflitos por terra e intolerância religiosa também vinham se intensificando na região nos últimos meses.
A comunidade da Terra Indígena Guasuti teme que Ñandesy e Velasquez tenham sido agredidos antes do incêndio criminoso que destruiu sua residência. Além disso, há preocupação com a violação do xiru da líder espiritual, um importante objeto religioso que, acredita-se, contém seres e poderes capazes de espalhar doenças e males. Para a Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, esse crime não é apenas uma tragédia individual, mas uma realidade violenta enfrentada pelos índios desta região em virtude dos discursos coloniais de ódio.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que está em Nova York, manifestou sua indignação em um vídeo publicado no perfil oficial da pasta no Instagram. Ela enfatizou que não basta lamentar e ressaltou a necessidade de agilidade nas investigações. A ministra informou que o caso está sendo acompanhado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, devido às semelhanças com outros casos na região.
As polícias Civil e Militar do estado assumiram as investigações e já detiveram um suspeito, cuja identidade não foi revelada. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também está acompanhando o caso por meio de sua unidade em Ponta Porã.
A Kuñangue Aty Guasu divulgou uma nota repudiando qualquer forma de violência, especialmente contra mulheres e idosos indígenas, e exigiu que a justiça seja feita de forma rigorosa. O assasssinato de Ñandesy Sebastiana Galton e Rufino Velasquez é um crime bárbaro e inaceitável, que demanda uma resposta efetiva das autoridades competentes.
A comunidade guarani kaiowá está em luto, enquanto aguarda o desenrolar das investigações para que a verdade seja estabelecida e os responsáveis por essa atrocidade sejam punidos de acordo com a lei. Esse triste episódio revela a vulnerabilidade e a luta constante dos povos indígenas pela preservação de suas terras e cultura, em um contexto de crescente violência e intolerância.