DIREITOS HUMANOS – Brasil possui 31 organizações de filantropia independentes que doaram entre R$ 276 milhões e R$ 330 milhões em 2021, revela estudo inédito



Um mapeamento inédito realizado pela Rede Comuá revelou que o Brasil possui 31 organizações de filantropia independentes, que doaram um valor significativo para causas de justiça socioambiental e desenvolvimento comunitário no ano passado. Segundo o levantamento, o montante doado ficou entre R$ 276 milhões e R$ 330 milhões.

As organizações de filantropia independentes são fundos que mobilizam recursos de diferentes fontes para doar para a sociedade civil. Diferentemente de outros tipos de organizações filantrópicas, elas não estão vinculadas a empresas ou famílias que direcionam o recurso diretamente para elas. Sua principal função é mobilizar recursos para realizar doações.

De acordo com Graciela Hopstein, diretora executiva da Rede Comuá, essas organizações estão presentes em todas as regiões do Brasil, sendo que a maioria delas está situada no Sudeste, representando 58% do total. O estado de São Paulo lidera a presença, com 29%, seguido pelo Rio de Janeiro, com 23%. Vale ressaltar que mesmo estando concentradas em uma determinada região, as doações não são feitas exclusivamente para essa região. Por exemplo, uma organização em São Paulo pode ter realizado doações para um projeto no Piauí.

O estudo também apontou que o Norte é a segunda região brasileira com mais organizações filantrópicas independentes, representando 23% do total. Amazonas e Pará são os estados que abrigam 10% das organizações mapeadas cada um. A preocupação com causas ambientais na Amazônia explica esses números na região Norte.

Além do Sudeste e do Norte, o estudo também identificou a presença de organizações de filantropia independente em outros estados, como Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina e Distrito Federal.

Em relação às causas que mais recebem doações, o fortalecimento institucional aparece em primeiro lugar, com 74% das respostas. Em seguida, estão a cultura (48%), gênero e direito das mulheres (48%), desenvolvimento comunitário (42%), agricultura familiar (39%), comunidades tradicionais (35%) e equidade racial (32%). O estudo também menciona outros temas como conservação ambiental, sustentabilidade, educação, direitos da população LGBTQIA+, combate à fome, juventude e saúde, entre outros.

Graciela Hopstein destaca que o fortalecimento institucional é fundamental para garantir a existência e sustentabilidade das organizações ao longo do tempo, contribuindo para fortalecer o tecido social e a democracia. Ela também ressalta a importância das organizações de filantropia independentes por entenderem a autonomia das instituições que recebem as doações, estabelecendo um diálogo com a sociedade civil.

Em relação aos recursos financeiros, o estudo revela que 49% das organizações doaram até R$ 1 milhão, enquanto 32% doaram de R$ 1 milhão a R$ 25 milhões. A maioria das organizações (52%) possui um orçamento entre R$ 2 milhões e R$ 25 milhões.

Uma característica marcante das organizações de filantropia independente é a diversificação de fontes de recursos. Mais da metade delas (53%) possui seis ou mais financiadores, o que reduz a dependência de um grande financiador. Além disso, duas em cada três organizações (68%) declararam que seus financiadores não têm influência sobre o uso dos recursos, processos de tomada de decisão e governança.

O mapeamento também evidenciou a diversidade de pessoas presentes nas organizações filantrópicas, como mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTQIA+. Essa representatividade dentro das próprias organizações fortalece o trabalho de apoio às minorias políticas.

Em resumo, o mapeamento realizado pela Rede Comuá revelou a importância das organizações de filantropia independentes no Brasil, que doaram um valor expressivo para causas de justiça socioambiental e desenvolvimento comunitário. Além disso, o estudo destacou a diversidade geográfica, temática e de recursos dessas organizações, ressaltando a autonomia e o diálogo com a sociedade civil como pilares fundamentais desse tipo de filantropia.

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