A pesquisa intitulada “Denúncias de Violência ao Idoso no Período de 2020 a 2023 na Perspectiva Bioética” buscou traçar o perfil dos idosos que foram vítimas de violência, levando em consideração variáveis como faixa etária, região do país, raça e cor, sexo, grau de instrução e relação entre suspeito e vítima. Os dados foram coletados a partir do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
A professora Alessandra Camacho, uma das responsáveis pelo estudo, destacou a surpresa com o aumento dos casos em 2023, superando as expectativas de queda nos índices. Ela ressaltou a importância da coragem das pessoas em denunciar, o que tem contribuído para o aumento das notificações. A pandemia de covid-19 também foi um fator relevante para o contexto da violência contra idosos, refletindo um cenário no qual as denúncias têm crescido progressivamente.
A vulnerabilidade dos idosos, especialmente daqueles com 80 anos ou mais, foi apontada como um fator associado ao aumento das denúncias. Mulheres e pessoas de raça branca foram as mais afetadas pela violência, demonstrando a necessidade de políticas públicas específicas para essa parcela da população. A questão da escolaridade também foi abordada no estudo, indicando que os analfabetos ou aqueles com ensino fundamental incompleto são mais suscetíveis à violência.
O Painel do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania registrou um total de 74.620 denúncias somente neste ano, apontando para um cenário de crescimento contínuo dos casos. A Região Sudeste do Brasil foi a que apresentou o maior número de ocorrências, seguida pela Região Nordeste. Medidas como a divulgação do Disque 100 e o fortalecimento das políticas de acolhimento aos idosos foram destacadas como essenciais para o combate à violência.
A pesquisa reforça a importância de conscientização sobre o tema e ressalta a necessidade de proteção e suporte aos idosos no país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também tem atuado na conscientização da violência contra a pessoa idosa, estabelecendo junho como o mês da conscientização. Diante dos resultados alarmantes, é fundamental que a sociedade e as autoridades estejam atentas e engajadas na proteção dos idosos e na prevenção da violência.
