DIREITOS HUMANOS – Apib protocola Ação no STF para anulação da Lei nº 14.701 e critica derrubada de vetos pelo Congresso Nacional


A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) anunciou que irá protocolar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a anulação da Lei nº 14.701, que teve os vetos derrubados pelo Congresso Nacional. A entidade protocolou um pedido de audiência com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, alegando que a decisão do Congresso Nacional cria um novo impasse jurídico e político, que vai cair o marco temporal no colo do STF de novo.

A lei, que trata do reconhecimento, da demarcação, do uso e da gestão de terras indígenas, foi sancionada com vetos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 20 de outubro deste ano. Os vetos presidenciais retiravam da legislação artigos baseados na tese do marco temporal das terras indígenas, que entende que os povos originários só teriam direito ao território em que estavam na promulgação da Constituição, em outubro de 1988. O STF já decidiu em setembro que essa tese é inconstitucional.

Kleber Karipuna, coordenador-executivo da Apib, afirma que a demanda “vai cair o marco temporal no colo do STF de novo”, e o entrave não é bom para indígenas e também não é bom para os produtores rurais. Será a terceira vez que o STF discutirá a tese do marco legal.

Para o advogado Melillo Dinis, da Comissão Especial de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (OAB – Conselho Federal), a intenção das bancadas que articularam nas duas casas do Congresso Nacional a derrubada dos vetos “é criar imbróglio jurídico e atrasar 42 demarcações de terras indígenas que estavam previstas.”

Além do impasse na Justiça, o advogado teme que durante a indefinição ocorram mais casos de violência no campo e invasões de ruralistas em terras que deveriam estar protegidas. “A história do Brasil é a história da violência. Isso é o que temos quando o crime é organizado e o Estado está desorganizado.”

Luis Ventura Fernández, secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmou que “o marco temporal não existe na Constituição Federal. Ele significa uma declaração de impunidade absoluta a todo o processo de violência e de esbulho dos territórios indígenas. Compromete e inviabiliza a demarcação dos territórios e segurança para os povos.”

Na votação do Congresso Nacional, 53 senadores e 321 deputados apoiaram a derrubada dos vetos, enquanto 19 senadores e 137 deputados votaram para manter a decisão presidencial. Houve ainda uma abstenção entre os deputados. Kleber Karipuna expressou insatisfação com o resultado da votação, apontando a necessidade de rever a articulação política para defender os direitos dos indígenas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

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