Durante o regime militar, o prédio do antigo Dops foi utilizado como palco de repressão e tortura contra os perseguidos pela ditadura. Agora, o MPF, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Rio de Janeiro, estabeleceu um prazo de dez dias para que a Polícia Civil do estado, responsável pela administração do local, se manifeste sobre a proposta do Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação de transformá-lo em um espaço de preservação da memória política brasileira.
O Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação é uma organização da sociedade civil formada por ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos, e militantes de direitos humanos, que solicitou a transformação do antigo Dops em um centro de memória. Eles destacaram que o abandono do prédio tem levado à perda de elementos históricos sobre a ditadura militar e que há risco iminente de perda total desses elementos.
O prédio do antigo Dops, localizado na Rua da Relação, número 40, foi declarado patrimônio cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) em 1987, devido às suas qualidades arquitetônicas notáveis e seu significado histórico como marco das lutas populares pela liberdade. O MPF ressaltou que o local preserva elementos como as antigas celas, documentos da época, e uma sala com revestimento acústico, que indicam seu uso para tortura.
Autoridades públicas e representantes de entidades de direitos humanos que visitaram o prédio ao longo dos anos observaram danos à estrutura e o risco de desabamento em algumas áreas. O procurador da República Julio José Araujo Junior, responsável pelo pedido de instauração do inquérito, destacou a importância de proteção da memória histórica para compreensão do presente e futuro, superando a glorificação do regime autoritário e reconhecendo as violações cometidas. A transformação do antigo Dops em um centro de memória e direitos humanos pode contribuir para essa reflexão coletiva e garantir a preservação da história do país.