Desembargadora critica cotas raciais: debate sobre a legitimidade das políticas afirmativas divide opiniões e gera polêmica na Bahia.

No Brasil, as políticas de cotas raciais têm sido alvo de debates acalorados, mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer sua constitucionalidade. Recentemente, durante uma audiência no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), a desembargadora Rosita Falcão Maia fez críticas contundentes ao sistema de cotas raciais, alegando que ele contribui para a divisão da sociedade e para uma suposta queda na qualidade das universidades públicas.

Essas declarações geraram forte repercussão, especialmente na Bahia, estado com maioria negra e profundas desigualdades raciais. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) e o Sindicato dos Servidores do Judiciário se posicionaram contra as falas da desembargadora, destacando a importância das cotas como políticas afirmativas essenciais para corrigir desigualdades históricas.

As cotas raciais têm sido fundamentais para promover a inclusão e a igualdade no ensino superior brasileiro. Dados e estudos demonstram que estudantes cotistas têm desempenhos acadêmicos equivalentes ou superiores aos de não cotistas. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, a taxa de conclusão entre estudantes cotistas é de 67,3%, comparado a 51,7% entre não cotistas.

O impacto das cotas é evidente no aumento do acesso e da permanência de estudantes negros e indígenas no ensino superior público. Entre 2012 e 2023, as matrículas de estudantes por cota racial nas universidades federais cresceram significativamente, refletindo a eficácia das políticas afirmativas.

Estudos também apontam que a diferença de desempenho entre cotistas e não cotistas é mínima e tende a se diluir ao longo do curso. Além disso, os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que os alunos beneficiados por ações afirmativas apresentam índices de desempenho acadêmico mais elevados.

Diante dessas evidências, é fundamental reconhecer o papel das cotas raciais na promoção da igualdade de oportunidades e na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. A meritocracia só pode ser efetiva quando todos têm chances equitativas de ascender, e as cotas se mostram como um instrumento crucial nesse sentido. Espera-se que essas reflexões contribuam para uma compreensão mais aprofundada da importância das políticas afirmativas e do papel do Judiciário na promoção da igualdade racial.

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