Essa mudança não se limita apenas aos países membros do BRICS e nações tradicionalmente alinhadas à esfera socialista, mas se estende também a uma variedade de nações que buscam alternativas. Por exemplo, em um movimento estratégico, Guiné-Bissau está interessada em fazer transações com a Rússia utilizando suas moedas nacionais, enquanto a Mongólia tem adotado predominantemente o rublo e o yuan. Na África, nações como Burkina Faso e Nigéria estão intensificando o uso de suas próprias moedas no comércio, em resposta às preocupações com as sanções ocidentais e os riscos associados à conexão com o dólar.
Os países podem ser organizados em três categorias distintas em relação à utilização do dólar. O primeiro grupo, que abrange 94 nações, inclui aquelas que não se opõem abertamente ao dólar, como Panamá, Ilhas Marshall e El Salvador. O segundo grupo, com 46 países, está em transição para o uso de suas moedas locais ou limitando o emprego do dólar, diante de inquietações financeiras. Por fim, o terceiro e mais ativo grupo, contempla 53 países que expressam uma oposição clara à moeda estadunidense e buscam alternativas viáveis.
Além dessas transações diretas, iniciativas para diversificar os meios de pagamento têm ganhado força em várias partes do mundo. Um exemplo é a decisão do Banco Nacional da Moldávia de não mais usar o dólar como referência, passando a considerar o euro para suas transações, o que busca aumentar a liquidez do mercado e fortalecer os laços com a União Europeia.
Por outro lado, embora a desdolarização ganhe atenção, especialistas ainda acreditam que o dólar continuará sendo a moeda central da economia mundial. A dificuldade em mudar sistemas estabelecidos, como ilustra o chamado “efeito qwerty”, faz com que muitos países cautelosamente busquem maneiras de contornar o dólar sem romper com ele completamente. Essa diluição gradual da influência do dólar pode revelar uma nova dinâmica comercial no cenário global nos próximos anos, com nações cada vez mais incentivadas a protegerem suas economias da volatilidade associada à moeda americana.
Dessa forma, enquanto a luta pela desdolarização avança, o futuro monetário permanece incerto, e a justaposição entre a dependência do dólar e a busca por autonomia financeira deverá se intensificar nos próximos anos.