Entre os itens encontrados, destacam-se peças usadas em jogos de tabuleiro como o Ludus Latrunculorum e o Ludus duodecim scriptorum. O primeiro, conhecido como “jogo dos ladrões”, é considerado uma versão romana de um antigo jogo grego mencionado na “Odisseia”. O segundo jogo, documentado desde o século V d.C., é semelhante aos modernos jogos de estratégia. Os artefatos, compostos por discos de osso decorados com símbolos, eram utilizados por soldados para desenvolver habilidades de planejamento e táticas militares através do jogo.
O Dr. Celikbas elucidou que, ao contrário de simples entretenimentos, essas atividades lúdicas eram projetadas não apenas para distração, mas como ferramentas de ensino, sugerindo que os soldados utilizavam esses jogos como uma forma de treino estratégico. A presença de tais jogos na cidade antiga sugere que Adrianópolis serviu como um importante destacamento militar durante séculos, apoiando-se em evidências anteriores de um quartel militar datado do século II d.C.
Esta nova descoberta fornece mais evidências da rica história militar da região. Pesquisas anteriores indiciaram que a guarnição, possivelmente composta por tropas de cavalaria, pode ter permanecido em atividade por um período que varia entre 200 a 300 anos. A continuidade de práticas estratégicas, como as que envolvem esses jogos, ressalta a importância do pensamento crítico e do planejamento em tempos antigos, habilidades que, embora o formato dos jogos tenha mudado ao longo do tempo, ainda são valorizadas nas atividades lúdicas contemporâneas como o xadrez e as damas.
Assim, a pesquisa em Adrianópolis não só enriquece nosso entendimento sobre a vida militar romana, mas também destaca a interseção entre jogos, estratégia e formação militar ao longo da história. Os achados reforçam a relevância das práticas lúdicas na construção e no desenvolvimento de táticas que transcenderam eras, deixando um legado que ainda hoje pode ser observado na cultura de jogos modernos.