Descoberta de reservas de lítio e urânio em Alagoas gera promessas de riqueza, mas preocupa especialistas com riscos de colapsos geológicos e tragédias ambientais.



Um novo relatório do Serviço Geológico do Brasil (SGB) trouxe à tona informações alarmantes sobre as riquezas minerais presentes no subsolo de Alagoas, em especial na região de Arapiraca. Entre os recursos detectados estão lítio, nióbio, urânio e terras-raras — elementos essenciais na produção de baterias para veículos elétricos, turbinas de energia e até mísseis de precisão. O impacto desse anúncio não tardou a reverberar em Brasília, onde o senador Renan Calheiros, que preside a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), imediatamente convocou um seminário para discutir estratégias de exploração. Calheiros não hesitou em comparar o potencial mineral da região a uma nova “camada de pré-sal”, sugerindo que leilões para áreas de exploração poderiam acontecer ainda este ano.

Nesse cenário promissor, o governo estima que a exploração pode gerar bilhões em royalties e criar 20 mil empregos diretos. Delegações de investidores, especialmente da China e do Oriente Médio, já estão de olho na região, com planos de estabelecer fábricas que poderiam transformar Arapiraca em um “Silicon Valley das Baterias” na América Latina. No entanto, o otimismo é contrabalançado por um histórico recente de desastres ambientais, particularmente a crise causada pela Braskem, que resultou no afundamento de cinco bairros em Maceió. Esse colapso desalojou 60 mil pessoas e culminou em investigações criminais contra executivos da empresa.

Diante da perspectiva de nova exploração mineral, geólogos independentes alertam para riscos significativos. A inevitável comparação com a tragédia da Braskem assombra a população. A exploração de minerais críticos como urânio e nióbio exige tecnologia avançada, monitoramento sísmico constante e estratégias de evacuação bem definidas. Sem essas precauções, há o perigo de novos desastres, com a possibilidade de contaminação radioativa e colapsos geológicos inesperados.

O que está em jogo é a gestão desse potencial mineral. Se conduzido de maneira responsável, o subsolo de Alagoas pode se tornar um aliado na diversificação econômica e na transição energética do estado, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Contudo, a falta de transparência e fiscalização correta pode transformar essa oportunidade em um verdadeiro pesadelo ambiental, com consequências devastadoras para a região. A questão permanece: Alagoas se encontrará diante de um el-dourado de prosperidade ou de um el-desastre de destruição?

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