No livro, Walmyra narra acontecimentos de extremo risco que exigiram sua coragem e determinação para garantir a segurança de alunos, pais e professores. Um dos destaques é um confronto armado em 2005, durante o qual estudantes e responsáveis foram feridos em um tiroteio entre facções rivais. A professora recorda o momento em que estava com as crianças, cantando o hino nacional, quando os tiros começaram: “Estávamos em formação no pátio, e muitos pais foram atingidos. Naquele dia, eu também passei mal.”
Walmyra dirigiu a escola de 1992 a 2009, mas foi exonerada por sua resistência em se envolver em questões políticas, descontentando, assim, a gestão de César Maia. Ela se definiu como alguém mais focada em proteger as crianças do que em fazer política, afirmando que sua verdadeira missão sempre foi garantir um ambiente seguro.
Sua narrativa revela que a maior dificuldade não era apenas enfrentar os criminosos, mas sim assegurar a segurança dos alunos durante os confrontos. Walmyra descreve uma situação em que traficantes usaram a escola como abrigo durante uma perseguição policial. “Dentro, tínhamos paz; fora, vivíamos uma guerra. Convencer as crianças a se proteger era o maior desafio”, explicou.
Em um capítulo intitulado “Os Meninos”, Walmyra recorda sua primeira experiência como diretora, quando traficantes entraram a cavalo na escola para intimidá-la. Com coragem, ela se dirigiu a eles de maneira firme: “Vocês entraram sem pedir permissão, assim como eu não entraria na casa de vocês.” Embora sentisse medo, sua determinação era inabalável.
Ainda, a professora destaca a importância da comunicação e da confiança entre a comunidade e a gestão escolar. Em tempos de tensão, os pais sempre se prontificavam a avisá-la sobre situações de risco, o que ajudava a manter um ambiente mais seguro para as crianças. Essa rede de proteção, formada por pais e vizinhos, foi crucial na ausência do apoio efetivo do Estado.
Walmyra considera que os episódios de tensão não apenas moldaram sua carreira, mas também sua visão sobre educação. Com orgulho e emoção, ela reflete sobre como essas experiências foram fundamentais para entendê-la como educadora e ser humano. Para ela, cada desafio enfrentado na escola contribuiu para a construção de sua identidade e para o propósito que carrega em suas memórias.
