O escritor André Ítalo, autor do livro “A Bancada da Bíblia: uma história de conversões políticas”, ressalta a postura pró-governo da bancada evangélica em relação a questões econômicas, independentemente da orientação política do Executivo. Porém, o autor observa que o governo Bolsonaro marcou uma mudança nessa relação, com a bancada se aproximando ideologicamente do presidente.
Atualmente, a bancada evangélica conta com cerca de 90 a 100 deputados na Câmara e entre 10 a 15 senadores. O professor Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília, destaca a diversidade dentro da bancada, com estratégias diferentes adotadas pelos diversos segmentos. Ele aponta que o Partido Republicanos, ligado à Igreja Universal, adotou uma estratégia sofisticada ao abrir espaço para políticos não evangélicos, como o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.
Segundo Barreto, a bancada evangélica está passando por um período de “dores do crescimento”, com pressões para se manter conservadora e de direita. Essa pressão limita as opções políticas dos representantes, que buscam se posicionar no centro do espectro político.
O livro de André Ítalo revela a origem da bancada evangélica no Brasil, com destaque para o período da Constituinte em 1986. As igrejas evangélicas perceberam a importância de participar da política para evitar uma preponderância do catolicismo. A frente parlamentar evangélica, institucionalizada com 219 deputados e 26 senadores, tem sido um espaço importante para debater pautas de interesse dos evangélicos.
A interação entre o governo federal e a bancada evangélica será fundamental para o avanço de diversas propostas no Legislativo. A aproximação desses dois atores políticos promete ser um elemento-chave nos debates e decisões que afetarão o país nos próximos anos.