Aimée, hoje aos 99 anos, relembra com pesar o episódio que marcou sua família. Sua mãe, Aimée Helaudais Honoré, foi brutalmente agredida por dois soldados dos Estados Unidos na fazenda da família, enquanto seu marido foi morto a tiros na frente delas. O relato do estupro foi registrado em uma carta escrita pela mãe, guardada por Aimée por oito décadas.
Segundo a historiadora Mary Louise Roberts, este episódio é apenas um entre muitos que ocorreram durante a presença militar dos Estados Unidos na França. O clima de celebração da libertação do país acabou encobrindo diversos abusos sofridos por mulheres francesas, que preferiram silenciar por vergonha e medo.
A historiadora acredita que a promessa de uma França repleta de “mulheres fáceis” feita aos soldados americanos motivou alguns deles a cometerem atos de violência sexual. Roberts destaca que a prostituição e o estupro foram utilizados como formas de dominação sobre o povo francês, que havia falhado em proteger suas mulheres durante a ocupação alemã.
Em meio às comemorações do Dia D, histórias como a de Aimée Dupré e Jeanne Pengam ressurgem, relembrando a brutalidade sofrida por mulheres francesas durante o período da Segunda Guerra Mundial. A memória desses eventos controversos continua viva, revelando o lado sombrio e pouco explorado da história da
guerra.