Demarcação das Terras Xukuru-Kariri Atrasada, Lideranças Indígenas Exigem Respeito e Justiça



A regularização das terras indígenas Xucuru-Kariri, que inclui cerca de sete mil hectares na zona rural de Palmeira dos Índios, ainda não foi concretizada, apesar de um anúncio feito em abril deste ano de que o processo seria finalizado em maio. Lideranças da tribo confirmam que isso ainda não ocorreu, deixando a comunidade em um impasse.

O território em questão compreende precisamente 6.927 hectares e cerca de 45 quilômetros de perímetro. A área engloba mais de 400 propriedades rurais, conforme detalha a portaria nº 4.033, de 14 de dezembro de 2010, do governo federal. Gecinaldo Xukuru-Kariri, líder da tribo, explicou que a população Xukuru-Kariri, distribuída em dez aldeias, totaliza aproximadamente 2 mil pessoas. No entanto, devido à ausência de demarcação definitiva, muitas famílias vivem desaldeiadas, principalmente na periferia de Palmeira dos Índios.

Os Xukuru-Kariri também estão presentes nos municípios de Igaci e Taquarana, em Alagoas, e em Glória, na Bahia, além de Caldas, em Minas Gerais. A maioria das propriedades afetadas pelo processo de regularização são minifúndios, o que adiciona uma camada extra de complexidade ao reassentamento necessário.

A assinatura do decreto de demarcação havia sido recebida com entusiasmo, sendo considerada um marco para Palmeira dos Índios. Ela representaria um compromisso firme do governo federal com a justiça social e o respeito aos direitos indígenas. Todavia, a consolidação desse compromisso ainda não se efetivou.

Gecinaldo destacou a importância crucial da Regularização Fundiária do Território Tradicional Xukuru-Kariri para a vida de seu povo. A regularização proporcionaria a posse permanente das terras necessárias para diversas atividades essenciais, como moradia, agricultura, caça, pesca, rituais religiosos e produção de artesanato. Sem essa posse plena, a terra disponível não consegue suportar todas as necessidades das famílias, especialmente no que se refere à agricultura de subsistência.

O território Xukuru-Kariri se caracteriza por uma diversificada produção agroecológica que inclui cultivos variados, além de criação de animais. Entretanto, a falta de demarcação plena provoca práticas degradantes no entorno. Gecinaldo enfatizou a necessidade de preservar a vegetação nativa e manter o território sustentável para futuras gerações, sublinhando que isso depende da garantia do direito fundamental ao acesso à terra.

Conforme Cícero Albuquerque, coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Alagoas, ainda não há previsão para a concretização da demarcação das terras dos Xukuru-Kariri. A comunidade permanece mobilizada na busca por seus direitos, lutando pela preservação de seu território e cultura. Sem um desfecho claro à vista, a demarcação das terras continua sendo uma questão urgente e essencial para os Xukuru-Kariri.

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