Tradicionalmente, a determinação do sexo em mamíferos baseia-se em seus cromossomos: as fêmeas carregam dois cromossomos X (XX) e os machos apresentam um cromossomo X e um Y (XY). Um elemento-chave neste processo é o gene Sry, que se encontra no cromossomo Y e é responsável por iniciar o desenvolvimento dos testículos logo nas primeiras semanas de gestação, geralmente por volta da sexta semana. Quando este gene não é ativado por qualquer razão, as gônadas – que são as glândulas responsáveis pela produção das células reprodutivas – seguem seu curso natural e se transformam em ovários.
Para investigar essa relação, os cientistas alimentaram camundongas com uma dieta deficiente em ferro durante um mês antes da concepção e nas duas primeiras semanas de gestação. Os resultados demonstraram uma clara diferença quando comparados aos camundongos que foram mantidos em uma dieta equilibrada. Essa comparação evidencia como nutrientes e fatores ambientais podem influenciar processos biológicos fundamentais, como a diferenciação sexual do feto, muito antes do nascimento.
Essas descobertas ampliam nosso entendimento sobre o papel da nutrição no desenvolvimento fetal e sugere que intervenções dietéticas durante a gestação possam ter repercussões significativas na saúde e no desenvolvimento futuro das crianças. Esse tipo de pesquisa sublinha a importância da suplementação de ferro e de uma dieta equilibrada para gestantes, enfatizando que a saúde materna pode ter um impacto vital na formação do futuro do bebê, questionando, assim, certos paradigmas sobre a fixidez das características de gênero baseadas apenas em fatores genéticos.