Segundo Bueno, a narrativa que a defesa constrói é de que Bolsonaro não seria o principal beneficiário da suposta conspiração. “Quem seria beneficiado seria uma junta que seria criada após a operação Punhal Verde Amarelo. Nessa junta, não estava incluído o Bolsonaro”, explicou o advogado, enfatizando que o ex-presidente não iria assumir o governo, caso o plano tivesse êxito. Essa manobra sugere, ainda, que Bolsonaro poderia ser traído por militares de confiança, especificamente os generais da reserva Augusto Heleno e Walter Braga Netto, ambos ex-ministros em seu governo e que agora enfrentam suspeitas de envolvimento na trama.
Além de buscar afastar a culpa do ex-presidente, a estratégia legal também reconhece que Bolsonaro tinha conhecimento sobre as tramas golpistas, mas não teria concordado com elas. Bueno afirmou que “é crível que as pessoas o abordassem com todo tipo de proposta”, mas sustentou que Bolsonaro não aderiu a essas iniciativas.
A Polícia Federal, em seu relatório de investigação, apontou Bolsonaro como uma das figuras centrais que “planejou, atuou e teve domínio” sobre o plano golpista, que incluía atos extremados, como o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A postura adotada pela defesa de Bolsonaro não só gera controvérsia, mas também aponta para uma possível tensão entre o ex-presidente e os altos escalões militares, refletindo um clima de insegurança dentro do próprio círculo bolsonarista. Essa narrativa lançada pela defesa pode estar destinada a mitigar as repercussões legais que Bolsonaro enfrenta, ao mesmo tempo em que escancara fissuras em sua aliança com as Forças Armadas.