Em um episódio icônico da série Sex and the City, a personagem Miranda desabafa: “Tudo o que falamos agora é sobre pus grandes, ou bolas, ou pus pequenos. Como é que acontece que quatro mulheres tão inteligentes não têm nada para falar além de namorados? E nós? O que pensamos, sentimos, sabemos?”. Esse questionamento, que ressurgiu nas redes sociais, reflete a obsessão das amigas em torno de conversas sobre homens.
Embora o episódio tenha sido ao ar pela primeira vez em 1999, a cena permanece atual para muitas mulheres, especialmente as envolvidas no movimento conhecido como “decentering men”, que cresce cada vez mais. Esse movimento ganha força em meio ao aumento do pensamento feminista e da visibilidade do #MeToo na cultura popular. A psicóloga Liliany Souza, especialista em gênero, destaca que a sociedade ainda é patriarcal, oprimindo existências que não se encaixam no ideal centrado no homem.
Essa estrutura, aparentemente inofensiva, reforça formas nas quais a existência feminina se concentra no cuidado, seja das relações, da família ou dos filhos. Para a psicóloga, essa questão tem efeitos psíquicos nas mulheres sobre seu papel na sociedade, levando a uma reflexão necessária sobre a emancipação feminina.
Recentemente, a criadora de conteúdo Jasmin Siri compartilhou sua experiência de se tornar celibatária por quase dois anos como forma de “descentralizar” os homens. Ela destacou como essa prática a tornou mais confiante e a ajudou a estabelecer uma base sólida para futuros relacionamentos. A ideia de descentralizar os homens é vista como uma forma de praticar o amor e a vida sem os padrões heteronormativos e patriarcais historicamente impostos.
Em um momento em que se discute a igualdade de gênero e os padrões impostos pela sociedade, a descentralização dos homens emerge como um movimento emancipatório que visa responsabilizar os homens pelos benefícios que obtêm da estrutura machista. No entanto, esse processo não é fácil e exige uma mudança de mentalidade tanto da sociedade quanto das próprias mulheres.
Portanto, é fundamental que a sociedade compreenda que homens e mulheres podem se comportar de maneira semelhante nos relacionamentos, sem julgamentos morais discriminatórios. A descentralização dos homens, assim como o heteropessimismo, promove a igualdade de gênero e a emancipação feminina, contribuindo para uma sociedade mais justa e equitativa para todos.