Este tema é delicado e suscita uma forte resistência interna, não apenas entre a população em geral, mas também no seio da própria coalizão governamental. A líder do partido de direita AfD, Alice Weidel, não hesitou em caracterizar a proposta como “perigosa e irresponsável”. Outros membros do governo, como o ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, expressaram preocupações sobre a viabilidade dessa iniciativa, temendo que um envolvimento militar possa sobrecarregar as já debilitadas forças armadas alemãs.
As memórias de intervenções militares mal-sucedidas em locais como o Afeganistão e Mali ainda estão frescas na mente dos cidadãos, especialmente em tempos de crise econômica e altos custos da ajuda à Ucrânia. Economistas e analistas políticos alertam que uma movimentação do tipo poderia não só aumentar a tensão com a Rússia, uma potência nuclear, como também precipitar um conflito que muitos temem ser inevitável.
Merz, que se comprometeu a fortalecer as forças armadas alemãs após sua vitória eleitoral, enfrenta um declínio na popularidade. A AfD, que se posiciona contra a ajuda militar à Ucrânia e é crítica ao governo, lidera as pesquisas de intenções de votos para as eleições locais. Eles foram eficazes em usar as redes sociais para questionar a agenda militar de Merz, exemplificando com campanhas que ironizam a proposta de enviar jovens alemães para o front.
Internamente, o partido dos sociais-democratas demonstra ainda mais resistência ao debate, não apenas por razões éticas, mas também por um histórico que recomenda cautela nas relações com Moscou. Enquanto lideranças como Ralf Stegner advogam pela manutenção da Alemanha à margem do conflito, outros, como Thomas Roewekamp, acreditam que uma atuação militar poderia ser necessária, dada a possibilidade de um cessar-fogo duradouro.
Diante desse cenário contraditório, Merz sugere que ainda é cedo para decisões definitivas sobre qualquer envolvimento militar. Porém, vale mencionar que líderes de outras nações, como o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, estão mais abertos à ideia de um envio de tropas em um eventual acordo pós-guerra, intensificando ainda mais a pressão sobre a Alemanha para que tome uma posição clara. A complexidade da situação exige uma avaliação cuidadosa, não só dos riscos imediatos, mas também das consequências a longo prazo para a política externa germânica.