Crise no Agronegócio: Tarifa de 50% dos EUA Desafia Exportações de Carne e Requer Estímulos ao Mercado Interno

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira já começa a mostrar seus efeitos no setor agropecuário do Brasil, especialmente nos frigoríficos do Mato Grosso do Sul, que suspenderam a produção destinada ao mercado norte-americano. A Associação Brasileira de Carne Bovina (Abiec) está analisando a viabilidade de novos embarques, evidenciando o impacto significativo que essa medida representa para um setor que já enfrenta desafios.

Especialistas apontam que, embora a China seja o principal destino da carne bovina brasileira, os Estados Unidos ocupam a segunda posição, correspondendo a cerca de 12% das exportações nacionais. Assim, a aplicação de uma tarifa tão alta poderá gerar uma crise sem precedentes no setor. Renan Silva, gestor da Bluemetrix Asset, alerta que a reorientação da produção para o mercado interno pode reduzir preços, mas também pode desencadear uma crise de crédito no agronegócio, dificultando o pagamento de obrigações.

O Brasil tem tentado diversificar seus mercados, aumentando as exportações para os Emirados Árabes Unidos, mas esse processo é complexo e demorado. Silva menciona que, embora exista um potencial de consumo represado no mercado interno, resolver problemas estruturais e melhorar as condições de negócios pode levar de 10 a 20 anos. Para o sucesso nessa reestruturação, seria vital que o governo promovesse um ambiente favorável.

Além disso, Alcides Torres, fundador da Scot Consultoria, afirma que, apesar da gravidade da situação, o mercado interno tem capacidade para absorver essa produção adicional, o que poderia mitigar o impacto das tarifas. Ele ressalta que a carne brasileira é reconhecida pela qualidade e está presente em mais de 100 países, o que aumenta as chances de realocação para novos mercados.

Gustavo Bertotti, economista da Fami Capital, destaca que as barreiras tarifárias trarão impactos significativos para os preços no Brasil, uma vez que a economia brasileira é fortemente dependente do agronegócio e da balança comercial. Bertotti também chama a atenção para a urgência da comunicação do governo com relação a possíveis negociações com os Estados Unidos, enfatizando que substituições de mercado frequentemente envolvem custos elevados, o que pode deteriorar as margens de lucro das empresas.

Diante desse cenário, a busca por soluções que minimizem os efeitos das tarifas deve ser uma prioridade, uma vez que a resiliência do agronegócio brasileiro estará em jogo nos próximos meses.

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