Ministros como Itamar Ben-Gvir, titular da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, foram os principais protagonistas dessa crise interna. Ben-Gvir, por exemplo, se afastou do cargo, prometendo retornar apenas se a guerra em Gaza recomeçar com intensidade. Smotrich também anunciou sua saída, manifestando a ameaça de derrubar o governo, embora tenha posteriormente decidido voltar ao gabinete. A coalizão de Netanyahu, que já operava em uma margem de maioria estreita no Knesset, com 63 dos 120 assentos, agora enfrenta uma situação de delicada instabilidade.
Analistas alertam que a possibilidade de novas eleições não pode ser descartada, pois o atual cenário evoca memórias de um período entre 2018 e 2022, quando o país passou por cinco eleições antecipadas em apenas quatro anos, impulsionadas por disputas internas entre os apoios e opostos a Netanyahu. Além disso, o primeiro-ministro também carrega o peso do seu julgamento criminal, cujas audiências foram frequentemente adiadas, mas que agora podem ressurgir como um fardo político a ser enfrentado.
O descontentamento crescente opõe-se à expectativa de boa parte da população, que, segundo pesquisas, estaria satisfeita com a devolução de reféns em troca do cessar-fogo e pode considerar isso uma forma de vitória na guerra contra o Hamas. Essa divisão interna, aliada ao contexto delicado do conflito em Gaza, deixa claro que Netanyahu está em uma posição vulnerável.
Em relação ao futuro, especialistas sugerem que, embora as eleições possam ser inevitáveis, elas devem ocorrer somente na primavera. A determinação de Netanyahu de quando e como dissolver o Parlamento será crucial, e poderá depender de avanços em negociações políticas, incluindo possíveis acordos internacionais que poderiam influenciar o cenário local e suas concessões em Gaza. O atual impasse reflete não apenas os desafios políticos internos de Netanyahu, mas também as complexidades da política israelense contemporânea, marcada por divisões profundas e interesses conflitantes.