Crise Diplomática: Brasil Avalia Violação da Convenção de Viena por Venezuela
Integrantes do governo brasileiro avaliam de forma reservada que a Venezuela descumpriu a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas ao impedir que seis assessores de María Corina Machado, abrigados na embaixada da Argentina, deixassem o prédio juntamente com os diplomatas argentinos, que foram forçados a sair do país.
Essa análise interna revela um cenário de preocupação em Brasília, considerando que a ação das autoridades venezuelanas pode desencadear uma série de complicações diplomáticas. Atualmente, as opções do governo brasileiro são limitadas. A prioridade é garantir que a embaixada argentina em Caracas, agora sob a responsabilidade do Brasil, permaneça segura contra possíveis investidas de apoiadores do presidente Nicolás Maduro. Qualquer ataque ao edifício ou aos refugiados oposicionistas de Maduro seria extremamente gravoso, conforme afirmam fontes do governo Lula.
Os seis opositores de Maduro encontram-se sob custódia brasileira na embaixada, e suas necessidades básicas, como alimentação e segurança, continuam sendo fornecidas por trabalhadores locais contratados por Buenos Aires. O governo brasileiro, por sua vez, está em contato constante com o governo de Maduro, na tentativa de assegurar a proteção desses indivíduos.
A crise se agravou quando os governos da Argentina e do Peru solicitaram ao Brasil que representasse seus interesses diplomáticos na Venezuela, após a expulsão dos seus diplomatas por decisão de Maduro. O governo brasileiro espera uma resposta positiva de Caracas para poder também auxiliar os peruanos. Além de Argentina e Peru, diplomatas de Costa Rica, República Dominicana, Chile, Panamá e Uruguai foram igualmente expulsos na última segunda-feira, após contestarem o resultado das eleições venezuelanas que declararam Maduro o vencedor. A oposição venezuelana afirma que o eleito foi Edmundo González, seu candidato.
Diplomatas brasileiros indicam que o país está disposto a prestar auxílio a todas as nações que solicitarem sua representação na Venezuela. No entanto, até o momento, somente Argentina e Peru formalmente requereram essa ajuda.
Recentemente, Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, encontrou-se com Maduro e apelou para que uma invasão à embaixada argentina fosse evitada, destacando o risco de uma catástrofe humanitária. Esse pedido segue a solicitação da chanceler argentina, Diana Mondino, ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
À medida que a tensão diplomática na região aumenta, o papel do Brasil torna-se crucial para tentar mediar e mitigar um conflito que ameaça a estabilidade regional e segurança dos abrigados na embaixada argentina. A situação é delicada e requer uma coordenação diplomática cuidadosa para evitar agravamentos e proteger todos os envolvidos.