Um relatório divulgado nesta segunda-feira pela iniciativa global de Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, em inglês) aponta para um cenário preocupante na Faixa de Gaza, onde até 1,1 milhão de pessoas podem enfrentar o nível mais severo de fome nos próximos meses. Especialistas preveem altas taxas de desnutrição aguda entre menores de 5 anos, excesso de mortalidade e risco de fome na região.
A situação é especialmente crítica para os 300 mil habitantes do norte do território, onde a fome é iminente e prevista para ocorrer entre meados de março e maio de 2024. O IPC, criado em 2004 por agências das Nações Unidas e grupos de ajuda internacional, classificou a fome apenas duas vezes anteriormente, na Somália em 2011 e no Sudão do Sul em 2017.
Os combates contínuos e a falta de acesso das organizações de ajuda ao norte do enclave agravam a vulnerabilidade dos palestinos que permanecem na região. Mesmo nas áreas central e sul da Faixa de Gaza, há risco iminente de fome até julho se os cenários mais pessimistas se concretizarem.
Em dezembro, o IPC já havia alertado para a possibilidade de fome em seis meses em Gaza, caso os combates não cessassem imediatamente e mais suprimentos não chegassem ao território. Infelizmente, as condições necessárias para evitar a fome não foram atendidas, conforme destacado no relatório.
A classificação do grupo para determinar a fome inclui três condições: extrema falta de alimentos em pelo menos 20% dos lares, desnutrição aguda em pelo menos 30% das crianças e mortes diárias relacionadas à fome ou desnutrição em adultos e crianças.Atualmente, os 2,2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza enfrentam altos níveis de insegurança alimentar, o que requer uma resposta urgente e eficaz para evitar uma tragédia humanitária na região.