A Dupla Face do CRB: Entre Força e Fragilidade
No universo do futebol brasileiro, a troca de técnicos torna-se uma prática quase compulsória, um reflexo da impaciência coletiva que frequentemente confunde reação com uma solução eficaz. O CRB, clube tradicional de Alagoas, não ficou imune a essa dinâmica nas temporadas anteriores, passando por uma série de mudanças comandadas por diferentes treinadores, como Daniel Paulista, Bruno Pivetti e Hélio dos Anjos. Cada um trouxe consigo um estilo único — desde a marcação individual intensa até um modelo híbrido que mesclava características coletivas e individuais. Essas mudanças, em vez de promover melhorias, geravam uma necessidade constante de adaptação no elenco, resultando na perda de identidade e maturidade tática.
Porém, a diretoria do CRB parece ter aprendido com as lições do passado. Em 2025, o clube começou a temporada sob a liderança de Umberto Louzer, que levou a equipe a conquistar o tetracampeonato alagoano. Apesar do sucesso, a diretoria optou pela continuidade da transformação e contratou Eduardo Barroca, visando à Copa do Brasil e ao Campeonato Brasileiro da Série B. Essa decisão mostra uma nova estratégia: a importância de um trabalho a longo prazo em vez de uma sucessão de trocas.
Barroca pegou um time desacreditado e conseguiu levá-lo ao G4 da competição. Mesmo com os tropeços inevitáveis, a diretoria, diferente de outras ocasiões, resolveu manter a confiança no trabalho do treinador e não cedeu à pressão. Esse gesto é emblemático. O torcedor, embora crítico e exigente, começa a perceber a relevância dessa continuidade.
Tranquilidade na tomada de decisões não é fraqueza; é um método. Exemplos de sucesso como os de Pep Guardiola no Manchester City, Diego Simeone no Atlético de Madrid e Abel Ferreira no Palmeiras demonstram que o tempo é um aliado na construção de um time forte e coeso. O CRB ainda está aprendendo a respeitar essa jornada, mesmo que não conte com o luxo de tempo infinito.
O desempenho da equipe tem variado, com resultados positivos em casa e desafios fora, mas é evidente que um modelo claro de jogo está sendo consolidadO. O ambiente no clube é bastante favorável e as finanças se mantêm equilibradas. No futebol, é comum confundir a pressa com um desejo de mudança, mas a paciência pode ser o verdadeiro vetor de crescimento.
Os torcedores devem refletir sobre o tipo de clube que desejam: uma equipe que troca de treinador para agradar a frustração momentânea ou um projeto que se dedica a um crescimento sustentável. Afinal, o CRB não precisa inventar um novo caminho; é tempo de coragem para trilhar o certo, mesmo diante do clamor da arquibancada.









