Considerada a representação judicial máxima das Nações Unidas, as ordens da CIJ são vinculantes, mas a única entidade que poderia impor o cumprimento dessas decisões por meio do uso da força é o Conselho de Segurança, onde Israel tem o apoio dos EUA. Segundo a professora de Direito Internacional Erika Kubik, da Universidade Federal Fluminense, a decisão da CIJ tem mais peso político do que prático, uma vez que a imobilização do Conselho de Segurança limita qualquer possibilidade de ação.
Os especialistas apontam que o processo de genocídio movido pela África do Sul contra Israel deve se arrastar por anos, já que a CIJ precisa investigar se há responsabilidade de Israel. Provar a intenção de dizimar um grupo, exigida pelo crime de genocídio, é um desafio considerável, devido às especificidades do mesmo. Até hoje, nenhum Estado foi responsabilizado por genocídio na Corte de Haia.
A investigação em questão destaca o conflito entre Israel e Hamas, que tornou o território de Gaza o mais letal do século, com uma média de 250 mortes por dia, de acordo com a Oxfam. A acusação de genocídio apresentada pela África do Sul alega a intenção genocida de Israel com base em declarações de autoridades israelenses, como o ministro da Defesa e o premier Benjamin Netanyahu. No entanto, a condenação de Israel na CIJ é vista como difícil de ser obtida.
A CIJ determinou que Israel deve adotar medidas para não cometer “atos de genocídio” contra os palestinos, conforme estabelecido pela Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. Apesar do termo ter sido cunhado em referência ao Holocausto, o massacre do povo judeu não foi julgado como genocídio, mas sim como crime contra a Humanidade. A condenação por genocídio resultaria em uma punição mais voltada para a reparação das vítimas e a preservação da memória, buscando impedir que a tragédia se repita.