Corte Interamericana responsabiliza Brasil por omissão em assassinato de sem-terra e determina indenização a familiares após quase 30 anos do crime.



O Brasil foi alvo de uma nova condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que responsabilizou o Estado por omissões relacionadas ao assassinato de Manoel Luis da Silva, camponês do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocorrido em maio de 1997 na Paraíba. Na sessão realizada em 18 de fevereiro de 2025, a corte decidiu por unanimidade que o país falhou em investigar e punir adequadamente os responsáveis pelo crime, além de infringir o direito à verdade da família da vítima.

O caso, que foi trazido à CIDH em 2021, gerou uma decisão que ordena ao governo brasileiro que indenize a viúva, Edileusa Adelino de Lima, e os dois filhos de Silva. A corte também estipulou que o Estado deve arcar com custeios de serviços médicos, psicológicos e psiquiátricos que possam ser necessários à família. Ademais, foi determinado que o governo deve realizar um ato público reconhecendo sua responsabilidade pelas violações aos direitos humanos, incluindo o direito à integridade pessoal da vítima.

Em uma declaração emblemática, a corte destacou que o homicídio de Manoel da Silva ocorreu em um ambiente permeado pela violência contra trabalhadores rurais e defensores de direitos. O tribunal também destacou a falta de diligência das autoridades estatais durante o trâmite do processo penal, apontando falhas que comprometeram o direito da família à verdade e um julgamento justo.

Este caso traz à luz a persistente vulnerabilidade das comunidades rurais no Brasil, assim como a necessidade de um sistema judicial mais eficiente e sensível às questões de direitos humanos. Em fevereiro de 2024, o governo brasileiro reconheceu publicamente as falhas processuais, apresentando desculpas aos familiares de Silva durante uma audiência na CIDH.

Contudo, a condenação não é um caso isolado. O Brasil já enfrentou diversas sanções da CIDH, incluindo uma condenação recente pela omissão em investigar o desaparecimento de 11 pessoas na Chacina de Acari, ocorrida em 1990, e outra condenação por um massacre de 12 pessoas durante uma operação policial em São Paulo em 2002. Tais decisões ressaltam a necessidade urgente de reformas no sistema de justiça e proteção aos direitos humanos no país, evidenciando a relação histórica entre a impunidade e a violação de direitos fundamentais.

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