Corte Interamericana condena Brasil por desaparecimento de 11 jovens na Chacina de Acari e exige novas investigações e reconhecimento de responsabilidades.



Na última quarta-feira, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) emitiu uma decisão contundente responsabilizando o Estado brasileiro pelo desaparecimento de 11 jovens, um caso que remonta à infame Chacina de Acari, ocorrida em julho de 1990 em Magé, na Baixada Fluminense. Este trágico evento, que envolveu o sequestro e consequente desaparecimento de adolescentes e adultos, chocou o país e, apesar do tempo decorrido, continua sem respostas.

O julgamento, que teve início em outubro de 2023, destacou a ausência de uma investigação eficaz e séria por parte das autoridades competentes, um fator que contribuiu para a condenação do estado. A corte também pontuou a discriminação enfrentada pelo grupo “Mães de Acari”, composto por familiares das vítimas, que desde o início da tragédia buscam justiça e esclarecimento sobre o paradeiro de seus entes queridos. A corte reconheceu que atos de racismo e preconceito social influenciaram diretamente na maneira como os envolvidos foram tratados, sublinhando as disparidades evidentes no sistema de justiça.

Como parte de sua sentença, a Corte IDH ordenou a continuidade das investigações sobre o caso, a busca rigorosa por informações que levem ao paradeiro dos desaparecidos, a realização de um ato público que reconheça a responsabilidade internacional do Estado e a criação de um memorial na comunidade de Acari. Além disso, a corte solicitou uma análise aprofundada sobre a atuação de milícias e grupos de extermínio no Rio de Janeiro, um tema que ecoa em várias reportagens e discussões sobre a violência sistemática na região.

A Chacina de Acari, onde oito adolescentes e três adultos foram sequestrados por homens encapuzados e armados, marca não apenas um episódio trágico mas também um reflexo das falhas sistemáticas do estado em proteger seus cidadãos e prestar contas por crimes cometidos. O caso gerou diversas reportagens e estudos sobre segurança pública no Brasil, evidenciando um padrão de impunidade. Os jovens sequestrados, identificados como Wallace Souza do Nascimento, Hedio Nascimento, Luiz Henrique da Silva Euzebio, entre outros, permanecem desaparecidos até hoje, e suas famílias ainda buscam por respostas, em um contexto onde outras tragédias semelhantes também foram silenciadas pela impunidade histórica.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo