De acordo com Roberto Lee, fundador e CEO do Avenue, a empresa já está oferecendo contas correntes e cartões de débito para brasileiros que viajam para o exterior, mas o plano é incluir mais serviços como pagamentos e crédito. A Avenue busca atrair não apenas viajantes, mas também clientes permanentes, como criadores de conteúdo remunerados em dólar, proprietários de imóveis nos Estados Unidos que recebem aluguel no país e pais com filhos estudando em instituições americanas.
A competição entre os bancos brasileiros para conquistar investidores de classe média interessados em aplicar seu dinheiro nos EUA está cada vez mais acirrada. O C6 Bank, por exemplo, oferece contas globais para a classe média brasileira desde 2019, enquanto o Bradesco anunciou parceria com o BCP Global, sediado em Miami, para disponibilizar investimentos digitais aos seus clientes.
Além disso, a XP e o BTG Pactual também anunciaram recentemente contas em dólar, corretagem e serviços de investimento nos EUA voltados para a classe média. A presença desses grandes bancos pode ajudar o Avenue a enfrentar os desafios regulatórios do setor.
Em relação à compra do controle do Avenue pelo Itaú, o acordo prevê que o banco compre inicialmente 35% da empresa por R$ 653 milhões (US$ 133 milhões) e adquira uma fatia adicional de 15,1% em dois anos, sujeita à aprovação do Banco Central do Brasil. Após cinco anos, os fundadores do Avenue terão o direito de listar a empresa em bolsa e o Itaú terá a opção de comprar os 49,9% restantes.
Roberto Lee revelou que a ideia é fazer a abertura de capital da empresa em bolsa por meio de um IPO (oferta pública de ações) para garantir um crescimento acelerado de longo prazo.
Outros investidores importantes da Avenue incluem a Vectis Partners Holding, que ainda detém uma participação na empresa. Entre os sócios da Vectis estão Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann, Alexandre Aoude, ex-presidente do Deutsche Bank no Brasil, e Patrick O’Grady, ex-sócio da XP.
O Brasil está se preparando para mudar a forma como os investimentos feitos por pessoas físicas no exterior são tributados, o que pode facilitar os investimentos nos EUA pela classe média. Além disso, com a queda da taxa de juros no Brasil e a estabilidade da taxa nos EUA, há uma possibilidade de migração para investimentos em dólar nos próximos anos.
Com isso, Roberto Lee acredita que nos próximos dez anos o setor de investimento brasileiro terá um crescimento maior na Brickell Avenue, em Miami, do que na Faria Lima, em São Paulo.