Segundo dados da Receita Federal, o Sicobe foi fundamental para descobrir que a produção brasileira de bebidas era 46% maior do que a conhecida pelo fisco nos valores declarados pela indústria. Essa discrepância chegou a 81% em apenas cinco anos de funcionamento do sistema.
A suspensão do Sicobe causou perdas significativas na arrecadação de impostos com a pirataria no setor de bebidas, estimadas em R$ 28 bilhões em 2022, de acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação.
O Tribunal de Contas da União emitiu uma decisão determinando que a Receita Federal e a Casa da Moeda reinstalem um sistema de controle de bebidas de acordo com a legislação vigente no prazo de 60 dias. Essa decisão, que recebeu o apoio da área técnica do tribunal, visa combater a falta de transparência e restabelecer a legalidade no processo de rastreabilidade das bebidas.
No entanto, algumas empresas internacionais, como a suíça Sicpa e a japonesa Dentsu Tracking, disputam o contrato para gerenciar o sistema de rastreamento de bebidas no Brasil. Ambas as empresas têm se reunido com autoridades do governo em busca de obter o contrato milionário, estimado em R$ 1,4 bilhão anuais.
Há ainda uma investigação interna na Receita Federal sobre a suposta interferência da Dentsu no órgão, envolvendo a secretária adjunta Adriana Gomes Rêgo e seu marido, Paulo Ricardo Cardoso. Um áudio obtido pelo Metrópoles revela conversas comprometedoras entre representantes da Dentsu sobre informações privilegiadas repassadas por Paulo.
O TCU defende o religamento do Sicobe, argumentando que o incremento na arrecadação com o sistema superaria o seu custo. O futuro do controle de bebidas no Brasil ainda é incerto, aguardando novas decisões da Receita Federal e do TCU.