Consumo nos lares brasileiros apresenta alta de 4,12% em agosto, impulsionado por queda nos preços dos alimentos. Crescimento será gradual, dizem especialistas.


O consumo nos lares brasileiros registrou um aumento significativo de 4,12% em volume de vendas no mês de agosto, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Essa alta no consumo indica meses promissores pela frente, impulsionados principalmente pela queda nos preços dos alimentos e pelos programas de transferência de renda. No entanto, especialistas alertam que esses números não devem ser motivo de grande comemoração.

Um dos principais indicadores desse cenário favorável é o preço da Abrasmercado, que é uma cesta com 35 produtos de consumo maciço, monitorados pela Abras. Essa cesta registrou uma queda de 5,33% em agosto, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Além disso, os preços também apresentaram uma desvalorização de 1,71% em relação a julho, totalizando uma queda acumulada de 4,89% no ano. Os preços médios passaram de R$730,06 para R$717,55.

Um dos fatores que contribuiu para esse cenário favorável foi a queda nos preços das carnes, que favoreceu o consumo de proteínas. Os cortes dianteiros apresentaram uma queda de 1,10%, enquanto os cortes traseiros registraram uma redução de 1,78% em agosto. No acumulado do ano, essas quedas foram ainda mais expressivas, com -9,21% e -12,03%, respectivamente. Outras proteínas, como frango congelado, pernil e ovos, também tiveram queda nos preços.

Apesar desses índices favoráveis, ainda não é possível comemorar o crescimento do consumo de forma exagerada. De acordo com o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, a estabilidade de renda combinada com a queda nos preços dos alimentos permitiu que os consumidores adquirissem mais itens essenciais e buscassem produtos de maior valor agregado. No entanto, o diretor da Nielsen IQ, Domenico Filho, ressalta que o cenário ainda não é tão otimista devido ao poder de compra reduzido dos brasileiros, causado pela alta inflação e pelo endividamento.

A Abras mantém a projeção de crescimento de 2,5% do setor supermercadista para o ano de 2023, porém Milan acredita que essa estimativa pode ser ajustada nos próximos meses. Além disso, o setor supermercadista tem passado por uma expansão significativa, com a inauguração de 482 lojas somente nos primeiros nove meses deste ano.

No entanto, é importante ressaltar que a preferência dos consumidores tem se voltado cada vez mais para os atacarejos. Desde 2020, essas lojas têm dominado o consumo nos lares brasileiros, superando os supermercados tradicionais. Segundo a Nielsen, essa tendência tem se acentuado, com 73% dos lares brasileiros frequentando atacarejos, em comparação com 62% que ainda optam pelos supermercados. No entanto, Domenico Filho alerta que o crescimento dos atacarejos está mais relacionado à abertura de novas lojas do que ao desempenho individual de cada estabelecimento.

Portanto, embora os números indiquem um cenário positivo para o consumo nos lares brasileiros, é necessário cautela na análise desses dados. O aumento no volume de vendas está diretamente relacionado às quedas nos preços dos alimentos e aos programas de transferência de renda, porém o poder de compra ainda está afetado pela inflação e pelo endividamento.

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