A reunião, que foi solicitada pela Guiana, ocorreu a portas fechadas e terminou sem que fossem feitas declarações ou comunicados. O governo de Georgetown alegou que as recentes ações adotadas por Caracas em Essequibo representam uma ameaça à paz e à segurança internacionais, o que justificaria a intervenção do Conselho de Segurança da ONU.
Essa tensão tem se intensificado desde 2015, quando a empresa petrolífera norte-americana ExxonMobil descobriu vastas reservas de petróleo na região. No mês passado, a Venezuela realizou um plebiscito, no qual mais de 95% dos eleitores aprovaram a criação de uma província venezuelana em Essequibo, assim como a concessão da nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da área disputada.
A Venezuela argumenta que Essequibo faz parte do seu território, baseando-se em tratados e acordos anteriores à independência da Guiana do Reino Unido. Por outro lado, a Guiana defende uma sentença de 1899 e busca a ratificação dessa decisão pela Corte Internacional de Justiça, apesar da objeção de Caracas à jurisdição da CIJ.
Paralelamente, os Estados Unidos anunciaram exercícios militares na Guiana na semana passada, o que foi classificado pelo ministro da Defesa da Venezuela como uma “provocação infeliz”. A Rússia pediu um “espírito de boa vizinhança” para resolver o conflito pacificamente, enquanto o Brasil reforçou sua presença militar nas fronteiras com a Guiana e a Venezuela.
Além disso, o governo venezuelano também tem sido acusado de buscar ações para desviar a atenção da opinião pública da crise política e econômica do país, especialmente em meio à proximidade das eleições. O president da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou planos de conceder licenças para extração de petróleo nas águas disputadas, em uma tentativa de reforçar o nacionalismo do país.
Diante desse cenário, analistas afirmam que o aumento das tensões entre Venezuela e Guiana e a recente retórica nacionalista promovida por Maduro podem ser interpretados como uma tentativa de desviar a atenção dos problemas internos e de buscar apoio popular para as eleições futuras.
Em resumo, a disputa por Essequibo representa um desafio tanto para os dois países envolvidos quanto para a comunidade internacional, que busca uma solução pacífica para essa questão territorial que já se arrasta por mais de um século. A mediação de organismos internacionais e a busca por um diálogo construtivo são essenciais para evitar que essa disputa se transforme em um conflito armado na América do Sul.