Conflitos em Moçambique resultam em dezenas de mortes e mais de 1.500 presos fogem após tumultos na capital Maputo.



Nos últimos dias, a capital de Moçambique, Maputo, tem sido palco de violentos confrontos que resultaram em ao menos 20 mortes e dezenas de feridos, em meio a tumultos e protestos generalizados. As manifestações começaram após a confirmação, pelo Conselho Constitucional do país, da vitória do candidato Daniel Chapo, do partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), nas eleições presidenciais realizadas em outubro. O Frelimo, que governa Moçambique desde a independência em 1975, também manteve uma sólida maioria no parlamento, com a confirmação de 65% dos votos a favor de Chapo, o que gerou forte contestação por parte da oposição, liderada por Venâncio Mondlane, que obteve 24% dos votos.

A situação na capital agravou-se nos últimos dias, culminando em um terceiro dia de saques e protestos, com cidadãos levantando barricadas e confrontando as forças de segurança. Um momento crítico aconteceu em uma das penitenciárias de alta segurança de Maputo na quarta-feira, quando mais de 1.500 presos conseguiram fugir durante uma rebelião. Durante os confrontos entre detidos e agentes de segurança, 33 pessoas foram confirmadas mortas e cerca de 150 detentos foram recapturados, conforme declarou o comandante da polícia, Bernardino Rafael.

Além dos incidentes violentos nas prisões, os tumultos também afetaram o transporte aéreo, resultando no cancelamento de diversos voos. As instituições de segurança relataram um aumento de 236 atos de violência grave em apenas 24 horas, refletindo as tensões que permeiam o clima político do país. As forças policiais foram forçadas a usar munições para dispersar os manifestantes, enquanto vídeos impactantes de confrontos circulam nas redes sociais.

A situação inquietante em Maputo é um reflexo das crescentes insatisfações populares, alimentadas por um sentimento de exclusão e desconfiança em relação aos processos eleitorais. O Frelimo, por sua vez, enfrenta a pressão de uma oposição fervorosa que tem exigido maior transparência e justiça nas questões eleitorais. A instabilidade em Moçambique não é um fenômeno novo, mas os últimos eventos indicam um ponto de ebulição que pode ter repercussões de longo alcance para a política e a sociedade moçambicana.

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