O biólogo André Siqueira, diretor da ONG Ecoa, alerta que a falta de fiscalização eficaz alimenta preocupações sobre a movimentação crescente nas hidrovias e a relação obscura entre as empresas que solicitam concessões e grandes negócios. Segundo ele, a construção de novos portos não apenas prejudica a comunidade, mas também ameaça a biodiversidade do Pantanal, ao permitir a navegação industrial em larga escala, predominantemente voltada para a exportação de soja e minério. Isso contrasta com a navegação tradicional dos ribeirinhos, cuja prática é essencial para a subsistência das comunidades locais.
A questão se torna ainda mais alarmante em um contexto de secas e queimadas, que agravam os riscos de incêndios florestais na região. Gustavo Figueirôa, outro biólogo atuante no SOS Pantanal, destaca que a redução rápida da água durante a estação seca aumenta a vulnerabilidade das áreas ao fogo, enfatizando a importância de estratégias de prevenção. Ele critica a forma como o desenvolvimento econômico está associado à degradação ambiental, alertando que as decisões tomadas por um pequeno grupo de empresários influentes visam, na verdade, beneficiar poucos em detrimento de muitos.
Em contrapartida, Figueirôa e Siqueira defendem a necessidade de alternativas de transporte mais sustentáveis, como a revitalização da malha ferroviária, que teria impactos ambientais significativamente menores se comparada ao transporte rodoviário ou fluvial em grandes escalas. Ambos lamentam a falta de regulamentações adequadas e medidas de proteção que visem minimizar os impactos negativos sobre o ambiente e as comunidades mais vulneráveis.
O futuro do Pantanal, portanto, se entrelaça com o dilema entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental, onde as vozes dos ribeirinhos e o equilíbrio ecológico enfrentam desafios cada vez maiores diante do avanço das atividades empresariais na região.