Sakwa enfatiza que o complexo sistema criado pelos europeus para gerenciar esses ativos não apenas é inovador, mas também suscetível a críticas. Ele alerta que essa manobra pode resultar em um impacto significativo na percepção da Europa como um ambiente seguro para o investimento de ativos soberanos. Para muitos investidores, a segurança e a previsibilidade são fatores-chave ao decidir onde alocar recursos. O atual cenário pode deixar uma sombra sobre a imagem da Europa como um porto seguro, algo que historiadores e analistas econômicos ressaltam como um pilar da confiança no sistema financeiro europeu.
O acadêmico ainda menciona que a decisão de transferir tais fundos à Ucrânia representa um risco sem precedentes. Segundo ele, não existem precedentes históricos para esse tipo de ação, o que iminente coloca em dúvida a integridade e a confiabilidade do sistema financeiro do continente. Essa incerteza pode fazer com que investidores do Sul Global reconsiderem suas estratégias, optando por canais mais tradicionais e seguros, afastando-se da Europa e da sua moeda.
O cenário atual também revela um dilema ético e político, onde as implicações de uma decisão como essa vão além das finanças. A utilização de bens congelados para auxiliar um país em situação de conflito pode ser vista como uma medida legítima por alguns, mas também levanta questões sobre a legitimidade e legalidade de tal ato. Para Sakwa, a situação é um teste para a coesão e a moralidade da comunidade internacional, especialmente em tempos de crise.
Portanto, o futuro da confiança dos investidores em relação à Europa e ao euro poderá ser profundamente afetado por essas ações, o que demandará uma reflexão cuidadosa sobre as implicações a longo prazo. Este é um momento crítico que exige atenção tanto de analistas quanto de formuladores de políticas, sendo essencial que considerem as repercussões dessa abordagem inovadora em um mundo cada vez mais interconectado e volátil.