A novela “Rainha da Sucata” entrou recentemente para o catálogo do Globoplay, trazendo de volta uma das tramas mais marcantes da teledramaturgia nacional. No enredo, a empresária Maria do Carmo Pereira, interpretada por Regina Duarte, é confrontada com a aristocrática Laura Albuquerque Figueroa, vivida por Glória Menezes, em um embate de classes que reflete as nuances e desigualdades da sociedade brasileira.
O conflito entre a heroína e a vilã, que disputam o amor do mesmo homem, se desdobra em um panorama mais amplo de questões econômicas e políticas. A trama se passa em São Paulo, tendo estreado logo após o anúncio do Plano Collor, em 1990, que teve como objetivo combater a crise inflacionária bloqueando valores excedentes nas contas correntes e na poupança.
A novela, assinada por Silvio de Abreu, reflete de maneira simbólica o impacto dessas medidas na sociedade. Enquanto os Figueroa, representantes da antiga aristocracia, têm seus valores bloqueados, Maria do Carmo, a rainha da sucata, consegue manter sua fortuna devido a investimentos produtivos. A trama faz um paralelo entre a realidade econômica do país e a ficção televisiva, evidenciando as mudanças e desafios enfrentados pela elite brasileira.
A trama de “Rainha da Sucata” foi acusada de conhecer as medidas econômicas antes mesmo da população, levantando questões sobre o papel da novela na disseminação de informações privilegiadas. O autor da obra, Silvio de Abreu, afirmou ter se baseado em pesquisas que indicavam mudanças no cenário financeiro de São Paulo para desenvolver a trama.
No desenrolar da novela, vemos a luta de Maria do Carmo para reconquistar sua fortuna, enfrentando desafios e adversidades em um cenário de crise econômica. A personagem, símbolo da ascensão social e da força feminina, acaba por aceitar a conciliação de classes proposta por Edu, em meio a reviravoltas e revanches.
A trama de “Rainha da Sucata” não apenas entreteve o público com seus conflitos e dramas pessoais, mas também serviu como um espelho crítico da sociedade brasileira, refletindo os dilemas e desigualdades presentes na vida real. A novela se tornou um marco na teledramaturgia nacional, abordando temas atuais e relevantes para a época, e deixando um legado de reflexão e debate sobre as questões sociais e políticas do Brasil.









