O incidente, que ganhou repercussão nas mídias internacionais, retrata um contexto de temor generalizado. Nos últimos meses, gangues armadas têm intensificado seus ataques em diversas áreas do Haiti, especialmente nas proximidades da capital, Port-au-Prince, resultando em uma onda de homicídios e destruição. Em Kenscoff, as gangues não só ceifaram vidas, mas também incineraram centenas de casas, forçando um número alarmante de residentes a buscar refúgio em lugares mais seguros.
Após consumir os pastéis envenenados, os membros das gangues sofreram convulsões e dores intensas, morrendo antes que pudessem receber socorro médico. Este desfecho trágico transformou a comerciante em uma figura polarizadora. De um lado, alguns a glorificam como uma heroína que tomou uma ação desesperada para defender sua comunidade. De outro, críticas surgem, apontando que ela ultrapassou os limites da legalidade e pode ter causado um ciclo ainda maior de violência.
Este ato extremo ressalta a sensação de impotência e vulnerabilidade que muitos haitianos enfrentam diante de uma situação de segurança insustentável. A resposta do governo e das forças de segurança ao desafio das gangues tem sido muitas vezes vista como inadequada, deixando os cidadãos se sentindo abandonados. Enquanto a comerciante permanece sob proteção policial, sua história se torna um símbolo das complexas dinâmicas que permeiam a luta pela sobrevivência em um Haiti que parece mergulhar cada vez mais no caos. Essa narrativa revela não apenas a luta individual de uma mulher, mas, simbolicamente, a batalha de toda uma população diante de uma crise sem precedentes.