Esses países, embora partilhem a língua árabe e influências culturais, trazem em sua essência a herança de povos indígenas, como os berberes. A interconexão cultural entre o Norte da África e a península ibérica é quase milenar, o que reforça a ideia de um espaço histórico que transcende as fronteiras modernas. Especialistas ressaltam a existência de um “senso de identidade compartilhada”, que facilita a realização de investimentos e a colaboração política entre regiões que, historicamente, tiveram laços estreitos.
No entanto, muitos ainda cometem o erro de homogeneizar o continente africano e tratá-lo como um único espaço cultural. Esse entendimento equivocado, fruto da herança colonial e de visões racistas, ofusca a rica diversidade existente na África. Para muitos, a ideia de que o Norte da África não se encaixa na definição do continente é errônea. Essa perspectiva acaba por criar uma desconexão, dificultando um entendimento mais preciso da história e das lutas políticas desses países.
Com a Primavera Árabe de 2011, os países da região experimentaram dinâmicas de mudança política variadas. Enquanto Marrocos passou por transformações relativamente suaves, outras nações, como Egito e Líbia, viram profundas instabilidades e conflitos após a queda de líderes de longa data. O Egito, por exemplo, alcançou a primeira eleição livre em sua história, mas a instabilidade aumentou com o retorno dos militares ao poder. Por outro lado, a Líbia, que já era considerada uma nação sob a tirania de Muammar Kadhafi, mergulhou em um vácuo de poder que resultou em conflitos armados.
As relações internacionais desses países também são complexas. Argélia mantém vínculos fortes com a Rússia, enquanto Marrocos e Tunísia buscam estreitar laços com os Estados Unidos e a Europa. O Egito, por sua vez, equilibra suas relações entre os EUA e a Rússia, além de olhar com atenção para a crescente influência da China na região, que se manifesta através de iniciativas de infraestrutura e desenvolvimento, como a Nova Rota da Seda.
Assim, a agenda dos países do Magreb é clara: buscar progresso e desenvolvimento, adaptando-se à mundialização e enfrentando os desafios recalcitrantes postas pela história e pela recente instabilidade política. A criação de oportunidades para a juventude e a superação das “fugas de cérebros” são essenciais para garantir que os países do Norte da África não apenas sobrevivam, mas prosperem no contexto global contemporâneo.