O apoio de diversos países, incluindo membros da Comunidade do Caribe e de nações significativas na OEA, garantiu a Ramdin mais de 18 votos, superando o mínimo necessário para a vitória. Enquanto a retirada de Lezcano representa um movimento em direção à autonomia das decisões na região, analistas sugerem que essa mudança não significa uma ruptura total com os EUA. Em vez disso, simboliza uma chamada para uma maior autodeterminação dos países latino-americanos em relação à política externa dos Estados Unidos.
Eduardo Galvão, especialista em políticas públicas, observa que essa vitória não implica que a OEA se tornará uma entidade antiamericana. Ramdin, por sua vez, possui uma trajetória de diálogo com Washington, o que pode facilitar um equilíbrio nas relações. Contudo, essa vitória representa um revés para a estratégia americana na América Latina, evidenciando a dificuldade de Washington em impor sua agenda nas questões regionais.
Para Corival Alves do Carmo, professor de Relações Internacionais, a eleição de Ramdin é um indicativo de que a OEA continuará a ter um papel secundário nas políticas externas da maioria dos países da região. Ele argumenta que, mesmo em situações de crise, quando a OEA tende a ganhar protagonismo, a tendência é que o instrumento seja utilizado de forma mais independente em relação aos interesses norte-americanos.
Essa mudança no comando da OEA pode ser interpretada como um reflexo das transformações políticas na América Latina, que enfrenta a possibilidade de um novo ciclo de lideranças de esquerda, ou uma “onda rosa”. Contudo, o sucesso desse movimento depende da capacidade dos governos progressistas em garantir crescimento econômico e estabilidade social. Se a insatisfação com os governos atuais prevalecer, há o risco de que novas forças de direita venham a emergir.
A eleição de Ramdin, portanto, não é apenas um evento isolado, mas parte de um panorama mais amplo de redefinições políticas na região, que pode levar a América Latina a buscar novas alianças internas e externas, especialmente à luz de uma política externa americana que muitos consideram agressiva e, às vezes, desatualizada frente à complexidade das relações interamericanas.