Testemunhas relataram que os episódios de espancamentos, ofensas e tortura psicológica, com uso de escorpiões, tinham como motivação a orientação sexual da vítima. Segundo relatos, os militares eram extremamente cruéis com Laci, chegando ao ponto de incentivarem outros presos a agredi-lo por causa de sua homossexualidade.
Apesar da gravidade das acusações, a Polícia Federal pediu o arquivamento das investigações devido ao tempo decorrido para sua finalização. No entanto, o advogado Fernando Figueiredo, que hoje atua na área criminal, revisou o material e conseguiu impedi-lo, alegando que as evidências dos vídeos com as alegações não haviam sido informadas à vítima.
Além das denúncias de tortura, o casal de ex-sargentos também enfrentou perseguição devido a delatarem supostos desvios de verba por oficiais graduados no Exército. Esses eventos resultaram em afastamentos, transferências e processos internos que culminaram na tentativa de expulsão de Laci.
O caso ganhou proporções internacionais ao ser levado à Organização dos Estados Americanos (OEA) pela organização não governamental Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil). A Corte Interamericana entendeu que houve violações aos direitos humanos e ações inadmissíveis por parte do Exército Brasileiro.
Atualmente, o Brasil busca um acordo para encerrar a ação na OEA, porém Fernando ressalta a importância de manter as investigações e garantir a punição pelos crimes de tortura. O casal não pretende aceitar anistias e está determinado a obter justiça.
O Metrópoles entrou em contato com o Exército Brasileiro, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, mas até o momento não obteve retorno. A investigação continua em andamento, e o espaço permanece aberto para eventuais manifestações das autoridades envolvidas.