O cantor era presença constante no apartamento da família de Nara Leão, em Copacabana, onde, segundo a lenda, surgiram os primeiros acordes da Bossa Nova nos anos 1950. Ao lado de Roberto Menescal, outro grande nome da Bossa Nova, Lyra fundou uma escola de música e ensinou violão para diversos expoentes da nova geração, entre eles, Marcos Valle, Dori Caymmi e Wanda Sá.
A escola funcionava em um quarto-e-sala na Rua Sá Ferreira, em Copacabana, emprestado por um amigo de Lyra. No entanto, a academia foi encerrada após a mãe de uma aluna encontrar um preservativo usado no sofá, o que causou grande constrangimento.
Em 1957, o cantor participou do primeiro show com o pessoal da Bossa Nova, no Grupo Universitário Hebraica. Já em 1959, João Gilberto incluiu algumas de suas composições no LP “Chega de saudade”, ampliando ainda mais sua influência no cenário musical da época.
Além de sua contribuição para a música, Lyra também teve grande influência no movimento estudantil, tendo participado da fundação do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1961. O cantor apresentou compositores jovens da Zona Sul carioca, como Nara Leão, e teve um papel de destaque antes do golpe militar de 1964.
A morte de Carlos Lyra foi confirmada por sua esposa, Magda, que disse que o músico estava internado desde quinta-feira (14) no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, com quadro de febre. Na sexta-feira, uma infecção piorou seu estado de saúde. A causa da morte ainda não foi confirmada, mas o compositor será cremado, e ainda não há data para o velório.
Tom Jobim, um dos maiores nomes da Bossa Nova, costumava elogiar o talento de Lyra, chamando-o de “maior melodista do Brasil”. O legado deixado pelo cantor será sempre lembrado no coração dos brasileiros, que perderam uma figura icônica da música nacional.